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Coesão textual

Coesão textual se refere à relação entre os elementos constitutivos de um texto. Ela pode ser referencial ou sequencial, e está restrita à estrutura linguística.

A coesão auxilia na construção de sentido do texto.
A coesão auxilia na construção de sentido do texto.
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Coesão textual se refere à articulação entre os componentes de um texto. Ela pode ser referencial (retomada de algum item do texto) ou sequencial (relação semântica entre enunciados).

Os mecanismos coesivos estão restritos à estrutura do texto. Já a coerência textual considera não só tais mecanismos, mas também o contexto.

Leia também: Textualidade – características capazes de garantir que algo seja percebido como um texto

Tópicos deste artigo

Resumo sobre coesão textual

  • A coesão textual é um fenômeno linguístico caracterizado pela articulação entre elementos de um texto.

  • Na coesão referencial, um elemento do texto retoma outro.

  • Na coesão sequencial, há uma relação semântica entre partes de enunciados durante o sequenciamento de ideias.

  • A coerência textual está relacionada ao(s) sentido(s) do texto e depende não só de elementos linguísticos mas também de extralinguísticos.

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Videoaula sobre coesão textual

O que é coesão textual?

Chamamos de “coesão” a relação entre elementos de um texto de forma a auxiliar na sua compreensão. Desse modo, a coesão textual é um dos elementos responsáveis pela coerência textual. Contudo, ela está limitada à estrutura do texto, pois não considera os elementos extralinguísticos.

Como exemplo, vamos analisar o seguinte trecho do conto A nova Califórnia, de Lima Barreto (1881-1922):

“Ninguém sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar que acudia ao nome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondência que recebia. E era grande. Quase diariamente, o carteiro ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um maço alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em línguas arrevesadas, livros, pacotes...”

Observe que os elementos destacados promovem a coesão do texto:

  • Em “acudia”, está implícita a expressão “aquele homem”, mencionada anteriormente.

  • “Pois” indica uma explicação para o fato de o agente do Correio informar que o homem se chamava Raimundo Flamel.

  • O pronome “que” se refere à correspondência.

  • Em “recebia”, está implícito o pronome “ele”, referente a Raimundo Flamel, já mencionado.

  • Em “era”, está implícita a palavra “correspondência”, já mencionada.

  • O advérbio “lá” se refere a “um dos extremos da cidade”, bem como o pronome relativo “onde”.

Leia também: Como tornar um texto coeso?

Tipos de coesão textual

  • Coesão referencial

É quando um elemento do texto alude a outro. Essa relação pode ocorrer, por exemplo, por meio de:

  • Artigo

Uma chaga da cultura brasileira é a corrupção.

Nesse caso, o artigo indefinido “uma” se refere a uma informação subsequente, isto é, a corrupção. Já os artigos definidos, normalmente, fazem referência a um elemento anterior:

Ao perceber a aproximação de um homem, fiquei com medo. Mas o homem passou por mim sem sequer me olhar.

  • Pronome

Dilermando tirou férias. Ele não suportava mais a sua rotina.

Nesse exemplo, o pronome “ele” faz referência a “Dilermando”. Outros pronomes também podem fazer retomadas em um texto, sejam eles:

- demonstrativos

- possessivos

- indefinidos

- interrogativos

- relativos

  • Numeral

As caixas de morango estão sobre a mesa. Duas são para o seu avô.

Nesse enunciado, o numeral “duas” se refere às caixas de morango.

  • Elipse

Minha amiga viajou no fim de semana. Não queria se encontrar comigo.

Nesse caso, o pronome “ela”, que faz referência à “minha amiga”, está implícito: “[Ela] não queria se encontrar comigo”.

  • Advérbio

Ficou encolhido no cantinho do quarto. Ali se sentia um pouco mais seguro.

Nesse exemplo, o advérbio “ali” se refere ao “cantinho do quarto”.

  • Coesão sequencial

Bloquinhos de papel de diferentes cores dispostos em sequência e com setinhas apontando a direção.
A articulação entre os enunciados produz o(s) sentido(s).

Tem a ver com a relação semântica entre (partes de) enunciados durante um sequenciamento de ideias no texto, e pode ocorrer, por exemplo, por meio de:

  • repetição lexical:

As horas passavam, passavam, passavam.

  • repetição da estrutura sintática:

O menino pede água. A menina pede comida. E o avô pede descanso.

  • paráfrase:

Não se pode permitir o uso ilícito dessa tecnologia, ou seja, é preciso criar leis que limitem o uso dela.

  • conexão:
  • Se comprarmos uma casa, podemos nos livrar do aluguel.
  • Júlio chorou porque o filme era triste.
  • Ela não quer sair, então, precisamos chamar a polícia.
  • Quando a chuva começou, eu estava no meio do caminho.
  • Vou à farmácia enquanto você faz o almoço.
  • Conforme o médico, nosso filho tem uma doença rara.
  • Irina está com febre alta, além disso, está se queixando de dor de cabeça.
  • Eles foram educados comigo, mas deixaram transparecer a raiva.
  • Não tenho tempo, portanto, não posso ajudar você agora.

Diferenças entre coesão e coerência

A coesão se refere aos mecanismos gramaticais ou lexicais que permitem a ligação entre elementos da estrutura linguística de um texto. Já a coerência tem relação com o(s) sentido(s) desse texto. Portanto, os mecanismos de coesão podem auxiliar na formação do(s) sentido(s).

No entanto, a coesão está restrita à estrutura linguística, enquanto a coerência depende, também, dos elementos extralinguísticos. Desse modo, aspectos cognitivos e socioculturais, por exemplo, podem interferir na construção de sentido(s) durante a recepção de um texto, que pode ser verbal, não verbal, escrito ou oral. Para saber mais sobre esse outro elemento importante para os textos, leia: Coerência textual.

Exercícios resolvidos sobre coesão textual

Questão 1 - (Enem)

Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.

RODRIGUES, S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.

Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:

A) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”

B) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...].”

C) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”

D) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...].”

E) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”

Resolução

Alternativa E. A coesão por elipse ocorre no trecho “Supõe-se que [ele/o segundo] fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado”. Assim, está implícita a expressão “o segundo” (que também pode ser substituída por “ele”), mencionada na oração anterior e retomada, implicitamente, no fragmento em questão.

Questão 2 - (Enem)

O senso comum é que só os seres humanos são capazes de rir. Isso não é verdade?

Não. O riso básico — o da brincadeira, da diversão, da expressão física do riso, do movimento da face e da vocalização — nós compartilhamos com diversos animais. Em ratos, já foram observadas vocalizações ultrassônicas — que nós não somos capazes de perceber — e que eles emitem quando estão brincando de “rolar no chão”. Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro, o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira vira briga séria. Sem o riso, o outro pensa que está sendo atacado. O que nos diferencia dos animais é que não temos apenas esse mecanismo básico. Temos um outro mais evoluído. Os animais têm o senso de brincadeira, como nós, mas não têm senso de humor. O córtex, a parte superficial do cérebro deles, não é tão evoluído como o nosso. Temos mecanismos corticais que nos permitem, por exemplo, interpretar uma piada.

Disponível em: http://globonews.globo.com (Adaptado)

A coesão textual é responsável por estabelecer relações entre as partes do texto. Analisando o trecho “Acontecendo de o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro”, verifica-se que ele estabelece com a oração seguinte uma relação de

A) finalidade, porque os danos causados ao cérebro têm por finalidade provocar a falta de vocalização dos ratos.

B) oposição, visto que o dano causado em um local específico no cérebro é contrário à vocalização dos ratos.

C) condição, pois é preciso que se tenha lesão específica no cérebro para que não haja vocalização dos ratos.

D) consequência, uma vez que o motivo de não haver mais vocalização dos ratos é o dano causado no cérebro.

E) proporção, já que à medida que se lesiona o cérebro não é mais possível que haja vocalização dos ratos.

Resolução

Alternativa C. O trecho destacado aponta uma condição, pois “o rato deixa de fazer essa vocalização e a brincadeira vira briga séria” SE “o cientista provocar um dano em um local específico no cérebro” do animal.

 

Por Warley Souza
Professor de Português

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Coesão textual"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/coesao.htm. Acesso em 19 de abril de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

Indique as relações semânticas estabelecidas pelos conectivos em destaque:

I. Como a chuva estava muito forte, não foi possível continuar o show.

II. Eu não consegui apresentar o trabalho porque estava muito nervosa!

III. Os manifestantes terão suas reivindicações atendidas, exceto se usarem de violência.

IV. Estava doente, mas foi trabalhar.

V. Os brasileiros são tão trabalhadores quanto os norte-americanos.

a) causa, causa, condição, oposição, comparação.

b) comparação, condição, finalidade, oposição, tempo.

c) causa, causa, conformidade, oposição, condição.

d) finalidade, comparação, tempo, condição, causa.

e) causa, causa, condição, condição, causa.

Exercício 2

 (Enem - 2013)

Gripado, penso entre espirros em como a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas. Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe que disseminou pela Europa, além do vírus propriamente dito, dois vocábulos virais: o italiano influenza e o francês grippe. O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava “influência dos astros sobre os homens”. O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper, isto é, “agarrar”. Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado. 

RODRIGUES. S. Sobre palavras. Veja, São Paulo, 30 nov. 2011.

Para se entender o trecho como uma unidade de sentido, é preciso que o leitor reconheça a ligação entre seus elementos. Nesse texto, a coesão é construída predominantemente pela retomada de um termo por outro e pelo uso da elipse. O fragmento do texto em que há coesão por elipse do sujeito é:

a) “[...] a palavra gripe nos chegou após uma série de contágios entre línguas.”

b) “Partiu da Itália em 1743 a epidemia de gripe [...]”.

c) “O primeiro era um termo derivado do latim medieval influentia, que significava ‘influência dos astros sobre os homens’.”

d) “O segundo era apenas a forma nominal do verbo gripper [...]”.

e) “Supõe-se que fizesse referência ao modo violento como o vírus se apossa do organismo infectado.”