A estrutura da redação do Enem é um padrão que apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão, com base em um tema proposto, distribuída em, pelo menos, quatro parágrafos. Deve ter no mínimo 7 (sete) linhas e, no máximo, 30 (trinta). A redação do Enem é um texto dissertativo-argumentativo no qual o candidato defende seu ponto de vista sobre o tema.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a estrutura da redação do Enem
- 2 - Qual é a estrutura da redação do Enem?
- 3 - Quantos parágrafos deve ter a redação do Enem?
- 4 - Quantas linhas tem a redação do Enem?
- 5 - Competências da redação do Enem
- 6 - O que não fazer na redação do Enem?
- 7 - Modelo de redação do Enem nota 1000
Resumo sobre a estrutura da redação do Enem
- A estrutura da redação do Enem é esta: introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Costuma ser um modelo de texto dissertativo-argumentativo.
- Na introdução, o candidato contextualiza o tema abordado e apresenta seu ponto de vista.
- No desenvolvimento, o candidato apresenta argumentos defendendo seu ponto de vista sobre o tema.
- Na conclusão do Enem, espera-se uma proposta de intervenção para o problema proposto no tema.
- A redação deve ter pelo menos 7 linhas; não pode ultrapassar 30 linhas.
Qual é a estrutura da redação do Enem?

A estrutura da redação do Enem segue o modelo de texto dissertativo-argumentativo, apresentando introdução, desenvolvimento e conclusão. No texto dissertativo-argumentativo, o candidato deve apresentar sua opinião sobre o tema indicado e usar argumentos para defender seu ponto de vista.
Por exemplo, em 2024, o tema da redação dissertativa-argumentativa foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Assim, o candidato deveria se posicionar a respeito do tema pensando em quais seriam esses desafios, explicar sua opinião a respeito deles e escolher argumentos para justificar a própria opinião. A redação é dividida em três partes principais: introdução, desenvolvimento e conclusão.
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Introdução
A introdução da redação é o primeiro parágrafo, que serve para abertura do texto. Na introdução, o candidato contextualiza o tema, ou seja, cria um parágrafo para mostrar o que discutirá a respeito daquele tema.
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Desenvolvimento
O desenvolvimento da redação é composto pelos parágrafos do meio. Em cada parágrafo, o candidato deve selecionar um argumento e desenvolvê-lo de modo a justificar seu posicionamento a respeito do tema da redação.
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Conclusão
A conclusão da redação é o último parágrafo. Aqui, o candidato precisa fazer um fechamento do raciocínio apresentado no texto. No Enem, também se espera que o candidato elabore uma proposta de intervenção para diminuir o problema apresentado no tema da redação. Essa proposta deve ser completa, contendo cinco elementos:
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- ação (o que será feito para solucionar o problema),
- agente (quem será responsável por executar a ação),
- modo/meio (como a ação será realizada),
- efeito/finalidade (resultado que a ação terá para resolver o problema) e
- detalhamento (qualquer informação adicional que especifique a ação, o agente ou o modo).
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Quantos parágrafos deve ter a redação do Enem?
Em geral, a redação deve ter, pelo menos, quatro parágrafos:
- 1º parágrafo: introdução;
- 2º e 3º (parágrafos do meio): desenvolvimento;
- 4º e último parágrafo: conclusão.
É comum que as redações que receberam maior pontuação no Enem tenham de quatro a cinco parágrafos (ou seja, de dois a três parágrafos no desenvolvimento), se isso não ultrapassar o número máximo de linhas.
Quantas linhas tem a redação do Enem?
As redações do Enem devem ter, no mínimo, 7 (sete) linhas e, no máximo, 30 (trinta) linhas. Se a redação tiver menos do que sete linhas, ela é considerada um texto insuficiente e recebe nota zero. Ainda, se a redação ultrapassar as 30 linhas, será lido e considerado para correção apenas o conteúdo até a 30ª linha, sendo o restante desconsiderado para nota.
Competências da redação do Enem
A redação do Enem é avaliada com base em 5 competências. Cada competência vale até 200 pontos, totalizando a nota máxima de 1000 pontos.
- Competência I: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
A Competência I avalia questões gramaticais objetivas, como ortografia, pontuação, concordância, regência, colocação pronominal, entre outros. Para uma boa nota, deve-se escrever respeitando a norma-padrão formal da língua portuguesa.
- Competência II: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
A Competência II avalia dois aspectos:
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- se o candidato entendeu o tema e
- se o texto segue a estrutura de texto dissertativo-argumentativo.
Em outras palavras, é preciso que o candidato escreva um texto dissertativo-argumentativo relacionado ao tema apresentado. Por exemplo, se o tema fala sobre “estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira” (tema de 2020), o texto precisa se voltar para a questão das doenças mentais e do estigma sofrido por pessoas com essas doenças no Brasil.
Do mesmo modo, a redação deve seguir a estrutura de um texto dissertativo-argumentativo, ou seja, não pode ser em forma de carta, poema, narração ou outro tipo de texto.
- Competência III: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
A Competência III avalia a qualidade da argumentação e como o candidato organiza as ideias para defender sua tese. Em outras palavras, os argumentos utilizados devem ter relação com o tema e ser bem desenvolvidos
- Competência IV: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
A Competência IV avalia o uso de conectivos (conjunções), pronomes e outros mecanismos que dão mais coesão ao texto, unindo de forma adequada as suas ideias. Assim, um texto que usa adequadamente os conectivos, proporcionando uma leitura fluida e sem repetições excessivas ou interrupções bruscas de sentido, tem boa nota nessa competência.
- Competência V: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
Por fim, a Competência V avalia a capacidade de apresentar uma solução viável para o problema discutido, respeitando os direitos humanos. A proposta de intervenção tem cinco elementos: agente, ação, meio/modo, finalidade e detalhamento.
O que não fazer na redação do Enem?
Na redação do Enem, alguns erros descontam pontos, enquanto outros são tão graves que podem zerar a nota. Veja alguns erros que o candidato não deve cometer:
- Fuga total ao tema: escrever sobre um tema diferente do que é cobrado na prova leva à nota zero. Exemplo: falar do signo de libra (do zodíaco) quando o tema é sobre Libras (Língua Brasileira de Sinais).
- Não seguir o tipo textual dissertativo-argumentativo: estrutura textual diferente da cobrada também faz a redação ser zerada. Exemplo: escrever uma carta, um poema ou uma narrativa ficcional.
- Escrever menos de 7 linhas: é considerado texto insuficiente, e a redação leva nota zero.
- Desrespeitar os direitos humanos: propor tortura, agressão ou outros crimes pode levar a redação a ser zerada.
- Escrever trechos desconexos: se alguma parte do texto for desconectada do restante da redação, ela é automaticamente zerada. Exemplo: escrever um recado para o corretor, escrever um verso de poema ou uma frase de impacto que não se aplica à redação.
- Não apresentar proposta de intervenção: isso faz a Competência V não ter nota, e, portanto, reduz a nota total da redação.
- Copiar trechos extensos dos textos de apoio: os textos de apoio podem servir como referência e até ser citados, mas se a citação for muito extensa, muitos pontos podem ser descontados da redação.
- Faltas graves e/ou recorrentes de coesão e coerência entre os parágrafos: se os argumentos são contraditórios ou se os conectivos usados não forem adequados, muitos pontos são descontados da redação.
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Modelo de redação do Enem nota 1000
A redação a seguir foi escrita por Anna Beatriz Veríssimo, de Baraúna (RN), no Enem ocorrido em 2024. O tema da redação naquele foi: “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”.
Na obra literária “Torto Arado”, Itamar Vieira retrata uma comunidade quilombola na fazenda Água Negra, na Bahia, relatando aspectos socioculturais relevantes para essa população afrodescendente, como os rituais religiosos e os saberes tradicionais passados pelas gerações. Fora da ficção, é nítido que a sociedade brasileira não valoriza a herança africana presente desde a histórica formação nacional. Essa problemática da invisibilidade decorre da mentalidade colonial eurocêntrica, bem como da lacuna educacional no tocante ao resgate da cultura afro-brasileira.
Dado o exposto, pode-se considerar a persistência de ideais eurocêntricos como empecilho para o reconhecimento do vasto legado africano no país, uma vez que tais formas de conhecimento são estigmatizadas em detrimento da valorização dos costumes hegemônicos dos colonizadores. Tal questão pode ser verificada sob o conceito de “racismo estrutural”, cunhado pelo antropólogo Silvio Almeida, em razão da naturalização do racismo em diversas esferas, a exemplo da linguagem e do uso de expressões como “magia negra” para vincular um sentido negativo ao que é negro. Dessa forma, o pensamento de desvalorização da herança africana se materializa no cotidiano, conforme denunciado por Almeida, e distancia a nação do desejo de aprender acerca dos costumes e valores africanos, ao atribuir estereótipos de desqualificação a esses saberes, o que aprofunda o óbice.
Além disso, é notória a falha educacional brasileira no que se refere ao resgate da cultura afro-brasileira, presente em canções, ritmos, festas populares e diversas manifestações importantes para o patrimônio nacional. Nesse viés, embora a Lei de Diretrizes e Bases preconize o ensino obrigatório da história africana no ambiente escolar, ainda há uma escassez de programas nesse âmbito, na medida em que observa-se um amplo desconhecimento acerca das grandes personalidades negras ou de suas origens (como o escritor Machado de Assis, muitas vezes representado como branco), bem como do heroísmo dos abolicionistas, a exemplo do advogado Luiz Gama. Dessa maneira, elementos culturais, como a literatura negra, são esquecidos por parte da população, o que destona da proposta memorialística da LDB.
Portanto, é preciso reconhecer e valorizar a herança africana no Brasil. Para isso, o Governo Federal, em parceria com as secretarias estaduais de educação, deve ampliar as campanhas de valorização da cultura africana, sob um viés afrocentrado, por meio de votação entre deputados e senadores — responsáveis pela aprovação da Lei Orçamentária Anual (LOA) —, com a finalidade de combater a visão eurocêntrica presente na sociedade, promovendo o aprendizado da história sob a ótica dos afrodescendentes. Ainda, cabe ao Ministério da Educação, como responsável pela elaboração de políticas públicas de educação, fomentar palestras socioeducativas, ministradas por pedagogos negros, nas instituições escolares, a fim de disseminar o conhecimento acerca o inestimável legado africano na história e na cultura do país. Nessa perspectiva, o panorama diverso destacado em “Torto Arado” será devidamente valorizado pela sociedade brasileira.
Fontes
INEP. A redação do Enem – Cartilha do(a) participante. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/centrais-de-conteudo/acervo-linha-editorial/publicacoes-institucionais/avaliacoes-e-exames-da-educacao-basica/a-redacao-do-enem-cartilha-do-a-participante