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Os cinco cronistas mais importantes da literatura brasileira

Machado de Assis, Lima Barreto, João do Rio, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade estão entre os cronistas mais importantes da literatura brasileira.

Na ordem, Machado de Assis, Lima Barreto, João do Rio, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade
Na ordem, Machado de Assis, Lima Barreto, João do Rio, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade
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A etimologia da palavra crônica tem origem no grego chronos, que significa tempo. Conforme definição do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, a crônica é

(...) compilação de fatos históricos apresentados segundo a ordem de sucessão no tempo, um texto literário breve, em geral narrativo, de trama quase sempre pouco definida e motivos, na maior parte, extraídos do cotidiano imediato, uma prosa ficcional, relato com personagens e circunstâncias alentadas, evoluindo com o tempo (...). Atualmente abrange um noticiário social e mundano. Originalmente a crônica limitava-se a relatos verídicos e nobres; entretanto, grandes escritores a partir do século XIX passam a cultivá-la, refletindo, com argúcia e oportunismo, a vida social, a política, os costumes, o cotidiano etc., do seu tempo em livros, jornais e folhetins. (HOUAISS; VILLAR, 2001, p. 877)

Gênero textual bastante popular e feito essencialmente para ser veiculado nos jornais impressos, a crônica sofreu inúmeras alterações ao longo do tempo. A partir do século XIX, começou a apresentar características literárias, adquirindo assim o status de gênero autônomo. Embora tenha assumido atributos marcantes da literatura, a crônica nunca abandonou seu cunho jornalístico, ainda que não tenha a obrigatoriedade de informar, tampouco informar com exatidão, tarefa do jornalismo.

No Brasil, escritores como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos, entre outros, ajudaram a divulgar esse interessante gênero que transita com naturalidade entre o jornalismo e a literatura e que geralmente vem carregado de ironia e humor ao relatar acontecimentos sociais, políticos ou culturais. Para que você conheça um pouco mais sobre os autores que se dedicaram à divulgação e consolidação do gênero no país, o Brasil Escola apresenta para você os cinco cronistas mais importantes da literatura brasileira. Boa leitura!

Machado de Assis

Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908, aos 69 anos
Machado de Assis nasceu no Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. Faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908, aos 69 anos

Mestre dos mestres, Machado de Assis não foi genial apenas como romancista. A fina ironia do “Bruxo do Cosme Velho” ganhou espaço também em suas crônicas, que, influenciadas pela literatura realista – à qual o escritor era associado –, apresentavam um interessante quadro da sociedade carioca do início do século XX. Embora tenha sido considerado – injustamente – como um escritor alienado, Machado de Assis fez da crônica um instrumento para denunciar as mazelas sociais de seu tempo, entre elas a escravidão.

Lima Barreto

Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, no dia 13 de maio de 1881. Faleceu no dia 1º de novembro de 1922, aos 41 anos
Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro, no dia 13 de maio de 1881. Faleceu no dia 1º de novembro de 1922, aos 41 anos

Lima Barreto certamente foi o escritor mais subestimado de seu tempo. A importância de sua obra foi reconhecida tardiamente, quando enfim foi revelada para o público a genialidade desse que é um dos mais importantes cronistas da literatura brasileira do início do século XX. Tido como contra Machado de Assis, escritor que em sua opinião produzia literatura alienada e própria para moças, Lima Barreto foi um cronista de senso crítico agudo, característica que lhe rendeu o rótulo de autor panfletário. A acusação feita pela crítica literária da época, claro, não procede. A História tratou de desmenti-la.

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João do Rio

João do Rio nasceu no dia 05 de agosto de 1881, no Rio de Janeiro. Faleceu na mesma cidade, no dia 23 de junho de 1921
João do Rio nasceu no dia 05 de agosto de 1881, no Rio de Janeiro. Faleceu na mesma cidade, no dia 23 de junho de 1921

João do Rio era um dos pseudônimos de João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto. Jornalista, foi também escritor e precursor da crônica social moderna. Suas crônicas retrataram a cidade do Rio de Janeiro do início do século XX e investigavam a vida dos marginalizados e esquecidos sob uma ótica ao mesmo tempo realista e lírica, características que fizeram dele um dos maiores cronistas brasileiros.

Paulo Mendes Campos

Capa do livro Carta a Otto ou um Coração em agosto, de Paulo Mendes Campos. Instituto Moreira Salles *
Capa do livro Carta a Otto ou um Coração em agosto, de Paulo Mendes Campos. Instituto Moreira Salles *

Na crônica de Paulo Mendes Campos, podemos observar a simbiose entre jornalismo e literatura. Foi considerado por muitos estudiosos como o melhor cronista de sua época, epíteto que ganha maior importância quando se tem Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Rubem Braga e Fernando Sabino entre seus contemporâneos. Seus textos, embora a crônica seja um objeto do contexto em que está inserida, não ficaram datados, resistem ao tempo e oferecem para os leitores doses exatas de lirismo.

Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902. Faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1987 **
Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, Minas Gerais, em 31 de outubro de 1902. Faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1987 **

Embora tenha sido consagrado como poeta e recebido a epígrafe de maior poeta brasileiro do século XX, Carlos Drummond de Andrade reservou tempo para o ofício de cronista, atividade que exerceu com maestria. Durante quinze anos, o escritor publicou três vezes na semana suas crônicas no Jornal do Brasil, totalizando a extraordinária marca de 2300 textos – aproximadamente. A vasta produção literária no gênero foi marcada pelo dialogismo entre literatura e jornalismo, bem como, é claro, pelo lirismo inconfundível do poeta.

*A imagem de Paulo Mendes Campos foi feita a partir da capa do livro Carta a Otto ou um Coração em agosto, de Paulo Mendes Campos. Publicação do Instituto Moreira Salles.
** A imagem de Drummond é capa do periódico 'Cadernos de Literatura Brasileira', do Instituto Moreira Salles.


Por Luana Castro
Graduada em Letras

Escritor do artigo
Escrito por: Luana Castro Alves Perez Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PEREZ, Luana Castro Alves. "Os cinco cronistas mais importantes da literatura brasileira"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/os-cinco-cronistas-mais-importantes-literatura-brasileira.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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Lista de exercícios


Exercício 1

João do Rio, pseudônimo de João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, foi o primeiro jornalista na imprensa brasileira a estabelecer os moldes da moderna reportagem, sendo capaz de capturar a diversidade das ruas do Rio de Janeiro em suas crônicas, além de criticar seus problemas e contrastes sociais. Sobre ele estão corretas as seguintes proposições:

I. É dele o livro de crônicas A alma encantadora das ruas, publicação que reúne crônicas escritas entre 1904 e 1907. Nessas crônicas, João do Rio retrata as transformações urbanas que o Rio de Janeiro sofreu na época.

II. Em suas crônicas, quase sempre escritas por meio de uma linguagem telegráfica e hermética, João do Rio buscava descrever a sociedade fluminense e as glórias do Brasil República.

III. Embora tenha sido escrita no início do século XX, a obra de João do Rio continua contemporânea, impressionando por sua grande capacidade de retratar a vida urbana e a vida dos homens nos grandes centros.

IV. As crônicas, escritas no século XIX, trazem evidências da literatura clássica e erudita produzida no Brasil daquela época.

a) I, III e IV.

b) I e III.

c) II e IV.

d) I e IV.

Exercício 2

Embora tenha sido consagrado como maior poeta brasileiro do século XX, Carlos Drummond de Andrade também foi exímio contista e cronista. Como cronista, Drummond colaborou durante quinze anos com o Jornal do Brasil, totalizando a impressionante marca de 2.300 crônicas. Sobre sua produção nesse gênero, podemos afirmar:

a) Durante essa fase, Drummond teve a oportunidade de abordar variados temas em suas crônicas, entre eles o futebol, a vida cotidiana, a música, a memória individual e a memória coletiva, valendo-se sempre da leveza e do lirismo tão comuns à poesia.

b) A fina ironia, característica dos romances da segunda fase de sua obra, ganhou espaço também em suas crônicas, que, influenciadas pela literatura realista – da qual o escritor era associado –, apresentavam um interessante quadro da sociedade carioca do início do século XX.

c) Muitos críticos apontam que as crônicas de Carlos Drummond de Andrade ora alcançam altos níveis de criatividade e realização estética, ora abdicam de maiores preocupações artísticas para assumir-se como panfleto ou meio de documentação social, política e histórica.

d) Drummond foi escritor e precursor da crônica social moderna. Sua obra foi produzida a partir da observação direta da vida e da linguagem de diferentes grupos sociais do Rio de Janeiro do início do século XX.