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Olavo Bilac

Olavo Bilac, escritor brasileiro vinculado ao parnasianismo e considerado o Príncipe dos Poetas, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Olavo Bilac.
Olavo Bilac foi o principal autor do parnasianismo brasileiro.
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Olavo Bilac, considerado o Príncipe dos Poetas, nasceu em 16 de dezembro de 1865, no Rio de Janeiro. Na juventude, iniciou os cursos de Medicina e Direito, mas não chegou a concluir nenhum deles. Trabalhou como jornalista e cronista e publicou seu primeiro livro — Poesias — em 1888. Por fazer oposição ao governo ditatorial de Floriano Peixoto (1839-1895), foi preso duas vezes, em 1892 e 1894.

Apesar de sua poesia ser marcada pelo sentimentalismo, o poeta, um dos mais famosos no início do século XX, é vinculado ao parnasianismo brasileiro, estilo caracterizado pela objetividade, descritivismo e rigor formal. O autor, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, nos últimos anos de sua vida, tomado por um nacionalismo apaixonado, abraçou a defesa do serviço militar obrigatório, antes de morrer, em 28 de dezembro de 1918, no Rio de Janeiro.

Leia também: Francisca Júlia – representante feminina do parnasianismo brasileiro

Tópicos deste artigo

Biografia de Olavo Bilac

Olavo Bilac nasceu em 16 de dezembro de 1865, no Rio de Janeiro. Na ocasião, seu pai, o médico Brás Martins dos Guimarães Bilac, era cirurgião do Exército na Guerra do Paraguai (1864-1870). Assim, em 1880, com apenas 15 anos de idade e uma autorização especial, Olavo Bilac ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas acabou desistindo do curso quatro anos depois e iniciando o curso de Direito, em São Paulo, o qual também não concluiu. Essa sua atitude acabou levando-o a um desentendimento com a família, descontente com suas decisões.

O escritor, então, passou a trabalhar como jornalista e cronista. Escrevia para vários jornais e revistas. Durante muitos anos, escreveu para a Gazeta de Notícias. Além disso, foi fundador dos periódicos A Cigarra, O Meio e A Rua, que não duraram muito. Seu primeiro livroPoesias — foi publicado em 1888. Em 1891, trabalhou como oficial da Secretaria do Interior do Estado do Rio de Janeiro, porém, por fazer oposição ao governo de Floriano Peixoto, foi preso, em 1892.

Ao ser solto, o poeta buscou refúgio em Ouro Preto, no estado de Minas Gerais. A partir de então, sua poesia passou a abordar temas da realidade de seu país. Quando, em 1894, o autor voltou ao Rio de janeiro, foi preso novamente. No entanto, com a saída de Floriano Peixoto, Olavo Bilac retomou a sua rotina e, em 1897, foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Nesse mesmo ano, ao perder o controle do carro do jornalista José do Patrocínio (1853-1905), entrou para a história como o primeiro motorista a sofrer um acidente de carro no Brasil, quando bateu em uma árvore. O carro teve perda total, mas Bilac e Patrocínio saíram ilesos.

Em 1898, começou a trabalhar como inspetor escolar, cargo no qual se aposentaria. No início do século XX, Olavo Bilac era um dos poetas mais famosos do país. Escreveu a letra do Hino à Bandeira, divulgado, pela primeira vez, em 1906, e foi secretário do prefeito do Distrito Federal, em 1907. Nos anos seguintes, tornou-se um nacionalista apaixonado e dedicou-se a defender o serviço militar obrigatório, fazendo conferências pelo país. Até que, em 28 de dezembro de 1918, o Príncipe dos Poetas, ocupante da cadeira número 15 da Academia Brasileira de Letras, morreu no Rio de Janeiro.

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Características literárias de Olavo Bilac

O poeta Olavo Bilac, apesar de possuir uma poesia subjetiva e sentimental, é considerado um autor do parnasianismo brasileiro, que possui as seguintes características:

  • Antirromantismo: não sentimental

  • Antropocentrismo: valorização da razão

  • Objetividade: em oposição ao subjetivismo

  • Poesia descritiva

  • Rigor formal: metrificação e rimas

  • Valorização da arte pela arte: não utilitarismo

  • Alienação social: indiferença às questões sociopolíticas

  • Valorização da beleza, no que diz respeito ao tema e à forma do poema

  • Distanciamento do eu lírico: não participa do conteúdo expresso pelo texto.

  • Presença de referências greco-romanas

  • Uso de polissíndeto: repetição da conjunção “e”

Leia mais: Simbolismo – assim como o parnasianismo, cultuava o rigor formal

Obras de Olavo Bilac

Capa do livro Poesias, de Olavo Bilac, publicado pela editora Martins Fontes.[1]
Capa do livro Poesias, de Olavo Bilac, publicado pela editora Martins Fontes.[1]
  • Poesias (1888)

  • Crônicas e novelas (1894)

  • Sagres (1898)

  • Crítica e fantasia (1904)

  • Poesias infantis (1904)

  • Conferências literárias (1906)

  • Dicionário de rimas (1913)

  • Ironia e piedade (1916)

  • Tarde (1919)

Poemas de Olavo Bilac

O soneto a seguir faz parte da obra Poesias, de Olavo Bilac. Nele, o eu lírico afirma que “a chorar”, enquanto seguia seu caminho (sua vida), ele buscava um coração (uma pessoa) que fugia dele (não correspondia ao seu amor). No mais, ele só encontrava “corações de ferro” (pessoas insensíveis). Entretanto, no final, o eu lírico consegue tocar o coração desejado e, hoje, está feliz, pois tem esse coração pulsando dentro do seu, o que sugere que seu amor, enfim, é correspondido:

Tantos esparsos vi profusamente
Pelo caminho que, a chorar, trilhava!
Tantos havia, tantos! E eu passava
Por todos eles frio e indiferente...

Enfim! enfim! pude com a mão tremente
Achar na treva aquele que buscava...
Por que fugias, quando eu te chamava,
Cego e triste, tateando, ansiosamente?

Vim de longe, seguindo de erro em erro,
Teu fugitivo coração buscando
E vendo apenas corações de ferro.

Pude, porém, tocá-lo soluçando...
E hoje, feliz, dentro do meu o encerro,
E ouço-o, feliz, dentro do meu pulsando.

Como características do parnasianismo, é possível apontar-se o rigor formal (metrificação — versos decassílabos — e rimas), além da alienação social, já que o eu lírico foge de questões sociopolíticas. No entanto, como característica particular da poesia de Olavo Bilac, há a expressão de sentimentos, e o eu lírico mostra-se no poema — traços, portanto, do romantismo.

Já no poema “Vila Rica”, do livro Tarde, o eu lírico descreve a cidade de Ouro Preto, antiga Vila Rica, em seu ocaso, isto é, no pôr do sol. Assim, ele menciona o ouro, que é a luz do sol, mas também é o ouro extraído das minas. Além disso, ao aludir ao “último ouro do sol” do dia, ele está se referindo, também, à ausência de ouro no contexto atual do lugar. Contudo, no céu, há ouro, que, porém, o tempo enegreceu. Por fim, os astros, igualmente, são relacionados ao ouro, devido a seu brilho sobre a cidade de Ouro Preto:

O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.

O ângelus plange ao longe em doloroso dobre.
O último ouro do sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.

Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,

Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.

Nesse soneto, é possível apontar as seguintes características parnasianas: o descritivismo, o rigor formal (metrificação — versos alexandrinos — e rimas) e o distanciamento do eu lírico, pois ele não fala de si em nenhum momento. No entanto, é possível perceber uma consciência sociopolítica da realidade brasileira, ao falar-se da decadência da cidade, e também marcas de subjetividade impressa na adjetivação abundante.

Veja também: Cinco poemas de Olavo Bilac

Frases de Olavo Bilac

A seguir, vamos ler algumas frases de Olavo Bilac, retiradas de entrevista concedida ao jornalista e cronista João do Rio (1881-1921), em 1904:

“O mal do Brasil é antes de tudo o mal de ser analfabeto.”

“Há, na vida, coisas que se dizem, mas não se escrevem, coisas que só se escrevem, e outras que nem se escrevem nem se dizem, mas apenas se pensam.”

“Um artista sente mais as dores terrenas que cem homens vulgares.”

“A arte não é, como ainda querem alguns sonhadores ingênuos, uma aspiração e um trabalho à parte, sem ligação com as outras preocupações da existência.”

“A arte é a cúpula que coroa o edifício da civilização.”

“Talvez, em 2500, existam literaturas diversas no vasto território que hoje forma o Brasil.”

“Um povo não é povo enquanto não sabe ler.”

Crédito da imagem

[1] Editora Martins Fontes (reprodução)

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Olavo Bilac"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/olavo-bilac.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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Lista de exercícios


Exercício 1

Língua portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac

O poema Língua portuguesa, de Olavo Bilac, apresenta características que podem ser imediatamente associadas ao:

a) Romantismo.

b) Arcadismo.

c) Realismo.

d) Concretismo.

e) Parnasianismo.

Exercício 2

(UFPA)

À subjetividade romântica os parnasianos contrapuseram a impessoalidade objetiva; Bilac, parnasiano por excelência, por vezes foge do rigorismo objetivista de sua escola como, por exemplo, nos versos em que o eu do poeta se manifesta claramente. É o que se vê em:

a)"Fernão Dias Paes Leme agoniza. Um lamento/ Chora largo, a rolar na longa voz do vento."

b)"Pára! Uma terra nova ao teu olhar fulgura!/ Detém-te! Aqui, de encontro a verdejantes plagas"

c) "E eu, solitário, solto a face, e tremo,/ Vendo o teu vulto que desaparece."

d) "Chega do baile. Descansa/ Move a ebúrnea ventarola."

e) "E ei-la, a morte! E ei-lo, o fim! A palidez aumenta; Fernão Dias se esvai, numa síncope lenta."

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