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Alberto de Oliveira

Alberto de Oliveira é um dos principais nomes do Parnasianismo brasileiro. Ele é autor do livro de poesias “Meridionais” e recebeu o título de Príncipe dos Poetas.

Alberto de Oliveira retratado em desenho de M. J. Garnier.
Alberto de Oliveira retratado em desenho de M. J. Garnier.
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Alberto de Oliveira (ou Antônio Mariano Alberto de Oliveira) nasceu em 28 de abril de 1857, em Saquarema, no Rio de Janeiro. Iniciou a faculdade de medicina, mas não concluiu o curso. Trabalhou como farmacêutico, oficial de gabinete do governo do Rio de Janeiro, professor e diretor-geral da Instrução Pública.

O poeta, que faleceu em 19 de janeiro de 1937, em Niterói, é um dos principais nomes do parnasianismo brasileiro. Seu livro mais conhecido é Meridionais, o qual possui poemas marcados pelo rigor formal, descritivismo e linguagem objetiva, em oposição ao Romantismo.

Saiba mais: Soneto — estrutura poética comum no parnasianismo

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Alberto de Oliveira

  • O escritor brasileiro Alberto de Oliveira nasceu em 1857 e faleceu em 1937.

  • Além de escritor, foi farmacêutico, oficial de gabinete e professor.

  • Ele faz parte do parnasianismo brasileiro, mas sua primeira obra é romântica.

  • Seus poemas parnasianos apresentam objetividade, rigor formal e referências greco-latinas.

  • Sua obra mais famosa é o livro de poesias Meridionais.

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Biografia de Alberto de Oliveira

Alberto de Oliveira (ou Antônio Mariano Alberto de Oliveira) nasceu em 28 de abril de 1857, em Saquarema, no estado do Rio de Janeiro. Iniciou seus estudos na escola pública dessa cidade e, em seguida, passou a estudar em Niterói. Publicou seu primeiro livro, Canções românticas, em 1878, antes de se filiar ao parnasianismo.

Abandonou a faculdade de medicina após o terceiro ano, mas terminou o curso de farmácia em 1884. Anos depois, em 1889, o farmacêutico se casou, em Petrópolis, com Maria da Glória Rebelo Moreira, uma viúva com quem teve um filho. Já em 1892, assumiu o cargo de oficial de gabinete do governo do estado do Rio de Janeiro.

No ano seguinte, ocupou o cargo de diretor-geral da Instrução Pública, função que exerceu até 1898. Também trabalhou como professor na Escola Normal e na Escola Dramática, no Rio de Janeiro. Além disso, escreveu para periódicos como:

  • A Semana, Combate;

  • Tribuna de Petrópolis;

  • Revista Brasileira;

  • Correio da Manhã;

  • Revista do Brasil.

O poeta, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, anunciou, em 1925, durante entrevista ao jornal A Vanguarda, a sua filiação ao Modernismo. Essa decisão não foi levada a cabo, mas demonstrou o apoio do escritor ao movimento. Anos mais tarde, Alberto de Oliveira faleceu em 19 de janeiro de 1937, em Niterói.

Alberto de Oliveira e o título de Príncipe dos Poetas

A revista carioca Fon-Fon, que existiu de 1907 a 1958, realizava um concurso em que intelectuais do Brasil elegiam o Príncipe dos Poetas brasileiro. O primeiro a receber o título, em 1907, foi o escritor Olavo Bilac (1865–1918). Após a morte de Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, em 1924, foi escolhido para ser o novo Príncipe dos Poetas.

Características das obras de Alberto de Oliveira

O poeta Alberto de Oliveira faz parte do parnasianismo brasileiro. Portanto, suas obras possuem as seguintes características:

  • linguagem objetiva;

  • perspectiva antirromântica;

  • rigor formal;

  • valorização da Antiguidade clássica;

  • alienação social;

  • descritivismo;

  • distanciamento do eu lírico;

  • uso do polissíndeto.

Veja também: Francisca Júlia — importante escritora parnasiana brasileira

Obras de Alberto de Oliveira

Capa do livro “Alberto de Oliveira”, coleção Melhores Poemas, da Global Editora.[1]
Capa do livro “Alberto de Oliveira”, coleção Melhores Poemas, da Global Editora.[1]
  • Canções românticas (1878);

  • Meridionais (1884);

  • Sonetos e poemas (1885);

  • Versos e rimas (1895);

  • Poesias: primeira série (1900);

  • Poesias: segunda série (1906);

  • Poesias: terceira série (1913);

  • Céu, terra e mar (1914);

  • O culto da forma na poesia brasileira (1916);

  • Ramo de árvore (1922);

  • Poesias: quarta série (1928);

  • Póstuma (1944).

  • Meridionais

O escritor Machado de Assis (1839–1908), que fez o prefácio da primeira edição do livro Meridionais, diz sobre a obra:

“A maior parte das composições são quadros feitos sem outra intenção mais do que fixar um momento ou um aspecto. Geralmente são curtos, em grande parte sonetos, forma que os modernos restauraram, e luzidamente cultivam [...]. Os versos do nosso poeta são trabalhados com perfeição.”

→ Em caminho

O que diz o prefácio de Machado de Assis é o que podemos ver no soneto “Em caminho”, que, além de descritivo, é também narrativo. Nos seus versos decassílabos, o soneto fala da viagem feita no sertão pela “bela Armida”. Quando, repentinamente, aparece um rio no meio da estrada, o eu lírico encontra uma oportunidade para abraçar essa dama:

Vai pálida de susto na viagem,
O cavalo a reger, que salta e embrida
De quando em quando, a loura e bela Armida;
Sigo-a, segue-me após o lesto pajem.

Dens’umbroso sertão que a amar convida,
Ermo retiro, incógnita paragem,
Tudo, ao zumbir do vento na ramagem,
Cortamos, galopando a toda a brida.

Mas eis que um rio súbito aparece,
Da estrada em meio, undoso, derramado...
Susto a marcha ao cavalo, o pajem desce,

Treme a dama, eu, que avanço, encosto-a ao flanco,
Enquanto n’água o pajem salta ousado
E as rédeas toma ao seu cavalo branco.

  • Sonetos e poemas

O livro de poesias Sonetos e poemas é dividido em três partes:

  • “Primeiros poemas”;

  • “Sonetos”;

  • “Segundos poemas”.

→ O vaso chinês

No soneto “O vaso chinês”, o eu lírico descreve, em versos decassílabos, um vaso visto por ele, certa vez, sobre o “mármor luzidio” de “um perfumado contador”:

Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado.

Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,
Lá se achava de um velho mandarim
Posta em relevo, a singular figura;

Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,
Sentia um bem estar com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.

→ Olhos dourados

No poema “Olhos dourados”, o eu lírico se aproxima do Romantismo. Por isso, o poeta opta por versos em redondilha maior (sete sílabas poéticas) em vez do decassílabo utilizado no parnasianismo.

Nessa poesia, de caráter metalinguístico, a voz poética aponta como inspiração o olhar de uma mulher. No entanto, é perceptível a presença de referências greco-latinas, portanto, da valorização da Antiguidade clássica:

Os versos que ora trabalho,
Trabalho-os por teu olhar:
És o sol de que me valho
Pra os doirar.

Susténs o helicônio cetro
Mais com os olhos que com a mão;
Neles, pois, se inspire o metro
Da canção.

[...]

Que eu tenha à mão, porque a fira,
Fórminx ou cítara. A mim
Do aedo helênico a lira
De marfim!

[...]

Sim, que riqueza! que raro
Escrínio contém, mulher!
Ai! deles se os visse o Avaro
De Molière!

Entrai por tanta opulência,
Meus versos! nesse esplendor
Louvai, não a Providência,
Mas o Amor!

Vamos, saudemos a dona
Dos olhos de ouro. Canção,
Voa, e depois te abandona
Em sua mão.

[…]

Videoaula sobre parnasianismo

Crédito de imagem

[1] Grupo Editorial Global (reprodução)

 

Por Warley Souza
Professor de Literatura

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Alberto de Oliveira"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/alberto-oliveira.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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