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100 anos de Japão no Brasil: O que aprendemos com os japoneses?

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Você gosta de amendoim japonês? E de Miojo? Adora uma salada temperada com Shoyu ou um pastel quentinho da feira? Aprendeu matemática com o método Kumon e pratica Judô? Então você é só mais um dos milhares de brasileiros que já se acostumaram com muitas das pequenas coisas que os japoneses trouxeram para nossas vidas.

Desde que chegaram por aqui, em 1908, os japoneses se espalharam pelo país. Apesar de muitas famílias se aglomerarem em colônias (como em São Paulo e no Paraná), depois de 100 anos de imigração, há famílias japonesas vivendo do norte ao sul do país. Aos poucos eles foram se misturando aos brasileiros e, assim, formaram famílias nipo-brasileiras, que nos presentearam com milhares de nikkeis (cidadãos brasileiros com descendência japonesa).

Durante essa centena de anos, os japoneses nos ensinaram a conviver com seus costumes. Palavras como shiatsu, tatame, karatê, karaokê e muitas outras foram incorporadas ao vocabulário brasileiro, mesmo que muitos nem saibam que a origem delas seja japonesa.

Mais do que simplesmente adicionar novas palavras, os japoneses acrescentaram novos sabores na culinária brasileira, o que fez com que palavras como caqui, cabochá e tofu entrassem definitivamente nos dicionários, cardápios e cadernos de receita por aqui. Isso porque foram eles, os imigrantes, que trouxeram para o Brasil o caqui doce (por aqui só existia uma versão adstringente da fruta, do tipo que “amarra a boca”), a abóbora do tipo cabochá (aquela que usamos para fazer doces) e a maçã Fuji (o nome entrega né? Chegou aqui em 1971). A mexerica poncã é quase uma fruta “nikkei”: é o resultado do enxerto de um tipo de tangerina japonesa em um limoeiro do Brasil.

Maçã Fuji: Fruta comum no Brasil que traz o Japão no nome
Maçã Fuji: Fruta comum no Brasil que traz o Japão no nome.

Além destas, o pepino do tipo Aodai e o rabanete foram outros alimentos que aprendemos a comer com o pessoal do Japão. Eles começaram a vender os legumes, como rabanetes e pepinos, que plantavam em seus quintais para consumo próprio. O broto de feijão, muito utilizado no Brasil em saladas, também é de origem nipônica, conhecido como “moyashi”.

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Uma curiosidade que muitos nem imaginam é que a plantação da soja no Brasil foi disseminada pelos imigrantes japoneses. Antes da chegada deles, ela era plantada em pequena escala na Bahia. Hoje é um dos grandes trunfos do agronegócio brasileiro, graças aos japoneses.

Na praia dos temperos e iguarias, os japoneses nos ensinaram a gostar de pimenta-do-reino (trazida por um chefe de embarcação que aportou aqui em 1933), a raiz forte (a pasta verde utilizada para degustar com peixe cru) e o Aji-no-moto (o tempero que realça o sabor dos alimentos é tipicamente japonês). Sem esquecer, é claro, do shoyu, o molho de soja japonês indispensável nas mesas brasileiras.
O molho Shoyu é feito à base de soja
O molho Shoyu é feito à base de soja.

Mas não foram só frutas e saladas que aprendemos a comer com os japoneses. Com eles aprendemos a gostar de alimentos desidratados que com água fervente e três minutos estão prontos e saborosos (nada mais prático), aprendemos também a comer com dois pauzinhos (os “hashis”, que acabam muitas vezes nos cabelos das brasileiras) e a tomar chá verde (para emagrecer, principalmente). Outra bebida japonesa que tem lugar cativo na adega dos brasileiros é o saquê, resultado incrível de um processo de fermentação do arroz.

Sem contar os próprios pratos tipicamente japoneses que experimentamos e adotamos como sushi, sashimi, yakisoba, temakisushi e sukiyaki.

Não podemos negar que, em cem anos, os japoneses conseguiram colocar sua marca no Brasil. Até nome de cidade de origem japonesa existe: a cidade de Assaí, no Paraná, foi praticamente fundada pelos imigrantes que a batizaram com a versão “aportuguesada” de “asahi”, que, em japonês, quer dizer “sol nascente”.

A garça "tsuru": Origamis são ensinados até em escolas no Brasil.
A garça "tsuru": Origamis são ensinados até em escolas no Brasil.

Então, não importa se você nunca tomou banho em um ofurô, se nunca fez um origami de papel ou se não tem uma tatuagem “kanji”. O que importa é que, em 100 anos, os japoneses que vieram para o Brasil conseguiram ensinar um pouco de sua cultura para os brasileiros e, com isso, nos mostraram uma grande lição: eles nunca deixaram de ser japoneses, mesmo estando tão distantes de seu país.

Por Camila Mitye

Escritor do artigo
Escrito por: Camila Mitye Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MITYE, Camila. "100 anos de Japão no Brasil: O que aprendemos com os japoneses?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/japao/100-anos-japao-no-brasil-que-aprendemos-com-os-japoneses.htm. Acesso em 28 de março de 2024.

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