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Arte e História no estudo das sociedades

Conjugando Arte e História é possível conhecer muito mais sobre sociedades do passado.

Como nessa obra de Jan Havickszoon Steen (1626 - 1679), a retratação do cotidiano permite a observação de vários aspectos do comportamento humano
Como nessa obra de Jan Havickszoon Steen (1626 - 1679), a retratação do cotidiano permite a observação de vários aspectos do comportamento humano
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Uma das formas mais interessantes de estudar história é através da análise da produção artística de cada época ou período histórico. Realizada desde os primórdios da humanidade, com as pinturas rupestres, a análise histórica da arte permite a observação de inúmeros elementos necessários ao entendimento das sociedades e de grupos humanos do passado, que os documentos históricos convencionais não comportam.

No caso da pré-história, a falta de registros escritos impõe às pinturas rupestres uma enorme importância na análise da percepção que aquelas pessoas tinham sobre suas vidas. A expressão artística dessa época evidencia que os homens desde o início não se contentaram apenas com a produção material de suas vidas. Foi necessário também produzir a interpretação iconográfica para expressar o entendimento que detinham sobre suas formas de vida.

A análise de obras de arte permite ainda perceber comportamentos e desejos dos artistas que as produziram, possibilitando, através de posições individuais, adentrar em universos de comportamentos e desejos coletivos de sociedades do passado. A reprodução de cenas do cotidiano através de pinturas e quadros, por exemplo, dá dimensões mais profundas das pequenas coisas do dia a dia, que dificilmente poderíamos conhecer apenas com a leitura de um livro baseado somente em documentos escritos.

Com a análise das técnicas artísticas e os materiais utilizados, é possível ver o desenvolvimento material de determinada civilização, como o conhecimento sobre misturas químicas, no caso das tintas, ou o desenvolvimento de ferramentas para realizar os trabalhos de pinturas, esculturas e os instrumentos musicais.

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No caso das técnicas é possível ainda perceber grandes rupturas com períodos anteriores, como no caso do Renascimento Cultural europeu durante a Idade Moderna. A utilização de conhecimentos científicos que estavam em desenvolvimento permitiu uma nova forma de produção artística, abarcando desde a pintura até a arquitetura, em contraste com a concepção artística medieval.

Nesse caso, a ruptura foi também de entendimento do mundo, importando uma interpretação distinta do mundo e do universo, rompendo com a concepção filosófica cristã, colocando o ser humano como centro da produção do conhecimento, influenciando assim inúmeras transformações posteriores.

O estudo histórico das artes possibilita ainda perceber concepções estéticas que vão se alterando ao longo do tempo e como elas são compartilhadas por diversos artistas em um mesmo período. A comparação da produção estética grega, egípcia, medieval e a moderna, por exemplo, revela grandes diferenças relacionadas às características de cada um desses períodos históricos.

Com o estudo das artes, até os aspectos repressivos das sociedades são evidenciados. A obrigação de uma arte voltada à religião ou mesmo ao culto de determinados líderes, como no caso do stalinismo, mostra o nível de liberdade que as sociedades dispõem. A censura às letras musicais durante a ditadura militar no Brasil também é um desses casos de restrição da produção artística como elemento de contestação de ordenamentos sociais.

Essas são algumas poucas formas de perceber as potencialidades de conjugar a análise de produções artísticas com o estudo historiográfico.


Por Tales Pinto
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Tales dos Santos Pinto Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

PINTO, Tales dos Santos. "Arte e História no estudo das sociedades"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/arte-historia.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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