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Revolução Pernambucana

A Revolução Pernambucana foi uma revolta de caráter republicano que questionava os gastos da família real portuguesa no Brasil, enquanto a região sofria com a crise do açúcar.

Bandeira de Pernambuco.
A bandeira tornou-se um dos símbolos da Revolução Pernambucana de 1817.
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A Revolução Pernambucana, ocorrida em 1817, foi o último movimento separatista do período colonial. Está relacionada com a crise socioeconômica que o Nordeste atravessava há quase um século em razão da desvalorização do comércio do açúcar e do algodão brasileiro no mercado externo. Além disso, a presença da família real portuguesa no Brasil aumentou o custo de vida em virtude da cobrança de impostos, o que causou revolta entre os pernambucanos. Os ideais republicanos também colaboraram para que a revolta acontecesse. O governo local foi tomado pelos revoltosos, mas as tropas fiéis ao governo central conseguiram derrotá-los.

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Revolução Pernambucana

  • A Revolução Pernambucana de 1817 foi o último movimento separatista de caráter republicano do período colonial brasileiro.

  • Teve apoio da elite local contra a presença portuguesa.

  • Defendia a república, manutenção da escravidão, fim da cobrança de impostos, liberdade de credo e de expressão.

  • Apesar do curto período no poder, os rebeldes foram derrotados pelas tropas fiéis ao governo, condenados e punidos em praça pública.

Leia também: Invasões holandesas no Brasil – fato que levou à Revolução Pernambucana

Causas da Revolução Pernambucana

O Nordeste brasileiro, desde o século XVIII, com a expulsão dos holandeses, atravessou uma grave e longa crise econômica por causa da desvalorização do açúcar produzido na região no mercado europeu. Os holandeses aprenderam enquanto estiveram presentes no Brasil acerca do plantio e da colheita da cana-de-açúcar e levaram esse conhecimento para as Antilhas, tornando-se fortes concorrentes do nosso açúcar.

Por causa disso, a produção açucareira do Nordeste entrou em crise. Isso desencadeou problemas econômicos e sociais por causa da pobreza e da miséria que assolaram a região. A produção de algodão teve êxito na economia de Pernambuco, mas logo entrou em crise por causa da cobrança de impostos por parte da coroa portuguesa presente no Brasil.

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As ideias republicanas alcançaram a região, e as recentes nações formadas na América, que deixaram de ser colônias e se tornaram repúblicas, serviram de exemplo para os pernambucanos. Caso fosse implantada a república, as províncias teriam mais autonomia e mais liberdade para se governar, não dependendo tanto do governo central. Os gastos com a sustentação de Dom João VI e toda a sua corte no Brasil demonstravam o peso econômico do governo central sobre as demais províncias. Para bancar os gastos da coroa portuguesa e seus luxos excessivos, cobravam-se impostos. Como Pernambuco já estava em crise socioeconômica, mais impostos significaram rebelião contra o governo.

Se os aspectos econômicos e sociais em Pernambuco não iam bem, a política também não. Dom João VI reforçou a presença portuguesa nos postos de comando dos governos locais e das chefias das tropas militares. Isso desagradou à elite local, que se sentiu desprestigiada. Ao longo de todo o processo de independência do Brasil e nos primeiros anos do Primeiro Reinado, brasileiros e portugueses disputavam postos de comando nos governos e o domínio do comércio nas cidades. Com o rei português no Brasil, a presença lusitana intensificou-se, desagradando aos brasileiros, que já começavam a organizar movimentos armados para depor os chefes portugueses de seus postos.

Leia também: Inconfidência Mineira – revolta de caráter separatista organizada pela elite mineira

Líderes da Revolução Pernambucana

Os líderes da revolução foram:

  • Domingos José Martins;

  • José de Barros Lima;

  • Cruz Cabugá;

  • Padre João Ribeiro.

Logo após a derrota da revolução, eles foram condenados e mortos de forma cruel em praça pública. O capitão José de Barros Lima foi enforcado e teve partes do corpo cortadas e expostas para demonstrar a força da coroa portuguesa e servir de exemplo para quem ousasse desafiá-la.

Como foi a Revolução Pernambucana?

Forte do Brum, sede do governo da capitania de Pernambuco.
O Forte do Brum foi sede do governo da capitania de Pernambuco enquanto os participantes da Revolução Pernambucana ocupavam o poder no Recife em 1817.

A Revolução Pernambucana começou em 6 de março de 1817, quando o militar português Manoel Joaquim Barbosa foi assassinado pelo capitão José de Barros Lima, que reagiu à voz de prisão por suposto envolvimento em conspiração contra o governo. Isso fio o estopim para a rebelião que rapidamente dominou o Recife.

O governador da capitania, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, transferiu o governo para o Forte de Brum. Sem forças para reagir à revolta, ele fugiu em direção ao Rio de Janeiro. Os rebeldes assumiram o poder da capitania e instalaram um governo provisório, que tratou logo de adotar medidas que beneficiassem a elite local.

O movimento contou com a participação de vários grupos sociais, como a elite local, militares, comerciantes e padres. Os revoltosos defendiam:

  • a proclamação da República;

  • o fim dos impostos cobrados por Dom João VI;

  • a liberdade de imprensa e de culto;

  • o aumento do soldo dos soldados;

  • a instituição dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário);

  • a manutenção do trabalho escravo.

Esse último item das reivindicações dos participantes da Revolução Pernambucana mostra que a camada mais pobre não participou das suas atividades. Percebe-se a contradição entre o discurso e a prática. Ao mesmo tempo em que se pregava a instalação de um novo governo em Pernambuco que promovesse a igualdade e a liberdade, a escravidão seria mantida, ou seja, os negros escravos não seriam iguais aos novos governantes e nem conquistariam a liberdade. Em vários movimentos revolucionários de nossa história, observou-se isso.

Os revoltosos tomaram o poder em Pernambuco e formaram um governo provisório. O exemplo pernambucano conquistou o apoio de outras capitanias, como Rio Grande do Norte e Paraíba. No entanto, não tardou para que o novo governo perdesse força. Como os grupos que compuseram a revolução tinham interesses diversos, a divisão entre eles aconteceu. Dom João VI enviou suas tropas para a região e entrou em confronto com o governo provisório. Em 20 de maio de 1817, os revoltosos se entregaram ao general Luís do Rego Barreto. Por ordem do rei, eles tiveram penas exemplares, como o enforcamento e o fuzilamento em praça pública.

Data Magna

Em Pernambuco, o dia 6 de março é feriado porque se recorda o dia em que, em 1817, começava a revolução contra o domínio português e a instalação de um governo republicano na região. Apesar da curta duração, apenas 75 dias, o movimento deixou raízes na história de Pernambuco e confirmava a capitania como sendo um local de revolta contra o domínio do governo central.

Importância da Revolução Pernambucana

A Revolução Pernambucana desafiou o poder da coroa portuguesa ao questionar as abusivas cobranças de impostos e destacou a insatisfação dos brasileiros com a presença portuguesa em pontos importantes do comando político, econômico e militar do Brasil. Ao tomar o poder no Recife, os rebeldes mostraram a possibilidade de se formar um governo próximo às exigências das revoltas. A Revolução Pernambucana manteve a tradição da capitania de ser um ponto de ebulição política e social.

Consequências da Revolução Pernambucana

A revolta em Pernambuco mostrou que os poderes locais eram instáveis quanto às ordens emitidas do Rio de Janeiro. Além disso, reforçou para a coroa portuguesa no Brasil e o Primeiro Reinado, logo após a independência, a necessidade de se criar tropas militares para manter a unidade nacional, dissipar as ideias republicanas e punir severamente os rebeldes.

Acesse também: Capitanias hereditárias – faixas de terras brasileiras administradas por donatários

Exercícios resolvidos

Questão 1 – Assinale a alternativa que corretamente aponta as causas da Revolução Pernambucana de 1817.

A) Crise socioeconômica e proclamação da República no Brasil.

B) Disputa entre escravos e senhores de engenho pelo poder em Pernambuco.

C) Aumento de impostos e influência republicana.

D) Fim da monarquia e manutenção da escravidão.

Resolução

Alternativa C. A vinda da família real portuguesa para o Brasil provocou aumento de impostos nas capitanias para bancar o luxo do rei e sua comitiva. Além disso, a formação de novas repúblicas nas antigas colônias europeias na América influenciou a revolta em Pernambuco.

Questão 2 – Assinale a alternativa correta que aponta algumas medidas adotadas pelo governo provisório instalado em 1817, em Pernambuco.

A) Manutenção da escravidão e fim da cobrança de impostos.

B) Dom Pedro I assumiu o poder em Pernambuco, abolindo os impostos cobrados pelo pai, Dom João VI.

C) Fim da escravidão e Proclamação da República.

D) Abertura da economia para o mercado externo e fim da abolição.

Resolução

Alternativa A. O governo provisório foi formado em 1817 e adotou algumas medidas que beneficiaram a elite local de Pernambuco, como a manutenção da escravidão e o fim da cobrança de impostos para manter a coroa portuguesa no Rio de Janeiro.

 

Por Carlos César Higa
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Carlos César Higa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

HIGA, Carlos César. "Revolução Pernambucana"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/revolucao-pernambucana.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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Lista de exercícios


Exercício 1

(Unesp-SP) Leia os itens a respeito da Revolução Pernambucana de 1817:

I – Possui forte sentimento antilusitano, resultante do aumento dos impostos e dos grandes privilégios concedidos aos comerciantes portugueses;

II – Teve participação apenas de sacerdotes e militares, não contando com o apoio de outros segmentos da população;

III – Foi uma revolta sangrenta que durou mais de dois meses e deixou profundas marcas no Nordeste, com os combates armados passando do Recife para o sertão, estendendo-se também a Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte;

IV – A Revolta foi sufocada apenas dois anos depois por tropas aliadas, reunindo forças armadas portuguesas, francesas e inglesas;

V – Propunha a República, com a igualdade de direitos e a tolerância religiosa, mas não previa a abolição da escravidão.

É correto apenas o afirmado em:

  1. I, II e III.
  2. I, III e V.
  3. I, IV e V.
  4. II, III, IV.
  5. II, III, V.

Exercício 2

(Unb-DF) A Inconfidência Mineira não foi um fato isolado. Ela está integrada ao contexto social, político e econômico do Brasil colonial. Na Capitania de Minas Gerais, houve muitos outros, e também importantes movimentos rebeldes. Considerando a História do Brasil como um todo, a Inconfidência Mineira também não foi única: ela se coloca ao lado de movimentos como a Conjuração dos Alfaiates (Bahia, 1798), a Conjuração do Rio de Janeiro (1794) e a Revolução Pernambucana de 1817, entre outros que também enfrentaram o domínio colonial.

Adaptado de ANASTASIA, Carla. Os temas da liberdade e da República na Inconfidência Mineira. São Paulo: Ática, 1995.

A esse respeito é incorreto afirmar que:

  1. Ao contrário do movimento de Vila Rica, fortemente marcado pela participação das elites locais, a Conjuração Baiana teve um cunho essencialmente popular.
  2. Todos os movimentos citados no texto inscrevem-se no quadro geral do antigo sistema colonial, quadro esse que também refletia as transformações vividas pela Europa a partir da Revolução Industrial e das revoluções liberais burguesas.
  3. A Revolução Pernambucana de 1817, que eclodiu durante a permanência do Estado Português no Brasil, traçou uma linha libertária que teve prolongamento na Confederação do Equador, dois anos após a Independência.
  4. A imagem de Tiradentes, cultuada durante o período monárquico, sofreu forte oposição por parte daqueles que proclamaram a República, pelo que poderia inspirar contra o novo regime.