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Guerra do Contestado

Guerra do Contestado foi um conflito ocorrido entre 1912 e 1914, motivado pela disputa pelo território próximo à fronteira dos estados de Santa Catarina e Paraná.

Homens que participaram da Guerra do Contestado.
Homens que participaram da Guerra do Contestado.
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A Guerra do Contestado foi um conflito ocorrido na fronteira dos estados do Paraná e Santa Catarina, entre os anos de 1912 e 1914, envolvendo a disputa de terras naquela região rica em erva-mate e por onde seria construída a estrada de ferro ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul.

A construção da ferrovia atraiu milhares de pessoas para trabalharem nessa empreitada, mas, logo após a inauguração, os trabalhadores ficaram desempregados, provocando uma crise social. Vários beatos e monges surgiram na região, atraindo essa massa de operários por causa dos seus discursos messiânicos. O governo federal enviou tropas para dispersar as comunidades, dando origem à Guerra do Contestado. Após várias derrotas, as tropas federais conseguiram vencer os sertanejos, em 1916.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Guerra do Contestado

  • Foi um conflito ocorrido na fronteira dos estados do Paraná e Santa Catarina, entre os anos de 1912 e 1916, por causa de disputas de terras na região.

  • A região era contestada, por isso o nome da guerra, pelos dois estados, pois era rica em erva-mate e nela seria construída uma estrada de ferro, ligando São Paulo ao Rio Grande do Sul.

  • Milhares de pessoas se deslocaram para a região, no intuito de trabalharem na construção da ferrovia. Logo após a inauguração, os trabalhadores ficaram desempregados, provocando uma crise social.

  • Monges messiânicos surgiram e formaram comunidades com os sertanejos empobrecidos, sendo José Maria do Santo Agostinho o mais conhecido desses religiosos.

  • A formação dessas comunidades preocupou o governo federal, que enviou várias tropas para a região, mas foram derrotadas pelos sertanejos.

  • Após uma luta sangrenta, o governo derrotou os sertanejos, e os dois estados fizeram um acordo, estabelecendo os limites.

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Antecedentes da Guerra do Contestado

No final do século XIX, as ferrovias começaram a se espalhar pelo território nacional, possibilitando a melhor comunicação entre os estados brasileiros e o escoamento da produção agrária para a exportação. A construção dessas estradas de ferro atraía um grande contingente de pessoas, que saíam dos lugares empobrecidos onde moravam em busca de melhores condições de vida para si e suas famílias.

Logo após a proclamação da república, ocorreu a separação entre Estado e Igreja, afastando o governo da Igreja Católica. Contudo, a religiosidade era uma marca forte na população do interior do Brasil. A crença do sertanejo era motivo para que supostos líderes espirituais conseguissem adeptos com suas promessas de uma vida melhor, sem os sofrimentos causados pela pobreza. Os sertanejos acreditavam nesse discurso e aderiam ao modo de vida proposto por esses líderes, sendo capazes de se armar para defender as comunidades onde habitavam.

Os primeiros governos republicanos enfrentaram revoltas no interior do Brasil, o que poderia ameaçar a sua estabilidade. Por isso, as tropas federais eram enviadas para essas regiões no intuito de derrotarem os revoltosos usando todo o aparato disponível.

No entanto, quando os soldados começavam os confrontos, logo eram derrotados porque não estavam acostumados com o clima seco do interior e não tinham total conhecimento do território onde lutariam. Ao contrário dos rebeldes, que conheciam a terra onde pisavam como a palma da mão. Isso permitia as tocaias contra os inimigos. A Guerra de Canudos, ocorrida entre os anos de 1896 e 1897, mostrou ao governo que suas tropas poderiam enfrentar sérios problemas quando lutavam contra revoltosos que moravam o sertão brasileiro.

As disputas por terras eram comuns no Brasil do começo do século XX. Além da economia, outros fatores colaboraram para os conflitos, como as questões sociais, religiosas e políticas.

Veja também: Revolta da Vacina – insatisfação popular com a campanha de vacinação obrigatória

Líderes da Guerra do Contestado

A região do Contestado era um terreno fértil para o surgimento de monges ou beatos, que, usando a fé dos sertanejos, faziam promessas de uma vida melhor caso fossem seguidos. Foi assim que José Maria do Santo Agostinho ganhou força e seguidores nessa região. À medida que seu nome se fortalecia entre os trabalhadores sertanejos, maior era o incômodo de coronéis e da Igreja Católica, que viam diminuir as suas influências na região.

A temática mais usada por José Maria em suas pregações era o fim do mundo, que, segundo ele, aconteceria nos anos 2000. O medo da destruição provocada pela ira divina fazia com que seus seguidores reforçassem sua obediência ao líder messiânico. José Maria era contra a república e isso incomodava o governo, que não tardou em enviar tropas para derrotá-lo.

José Maria do Santo Agostinho fundou a comunidade do Quadrado Santo, onde seus seguidores viviam da agricultura e do furto de gado das fazendas da região.

Causas da Guerra do Contestado

As causas da Guerra do Contestado foram:

  • Disputa pelas terras próximas à fronteira de Santa Catarina e Paraná, ricas em erva-mate.

  • Construção da estrada de ferro que ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul, feita pela empresa norte-americana Brazil Railway Company.

  • Crise social provocada pelo desemprego daqueles que trabalharam na construção da ferrovia e, logo após sua inauguração, estavam sem trabalho.

  • Envio de tropas federais para derrotar a comunidade de Quadrado Santo, fundada pelo líder messiânico José Maria do Santo Agostinho.

A Guerra do Contestado

Logo após a inauguração da estrada de ferro, os trabalhadores foram dispensados das obras e perderam suas terras, que foram doadas para a empresa Brazil Railway Company. Isso revoltou os trabalhadores, que, orientados por José Maria, iniciaram um levante armado para contestar (por isso o nome da guerra) a decisão tomada. José Maria declarou a comunidade em que ele e seus seguidores moravam como “governo independente” e se declarou antirrepublicano.

O coronel Francisco Albuquerque temia a perda do comando da região e enviou um telegrama ao governo paranaense para que este enviasse tropas e derrotasse o levante, logo visto como monárquico. O presidente da república marechal Hermes da Fonseca, de acordo com a sua política das salvações (intervindo militarmente nos estados para derrotar seus inimigos), enviou tropas para região no intuito de derrotar a comunidade de José Maria.

O líder messiânico e seus seguidores se mudaram para Irani, que, na época, pertencia à Palmas e estava próximo à fronteira entre Paraná e Santa Catarina. Como as terras da fronteira estadual eram alvo de disputas, José Maria fez a sua ocupação. A polícia paranaense foi enviada para dispersar os invasores.

Com o agravamento da situação, o governo federal, com os dois estados, enviou tropas com muitas armas para derrotarem os inimigos, mas não obtiveram êxito. Logo nos primeiros confrontos, José Maria foi assassinado, mas sua mensagem permaneceu viva entre seus seguidores, o que os motivou a continuarem na luta.

Depois de inúmeros confrontos com mortes e violência, as tropas federais conseguiram derrotar os seguidores de José Maria do Santo Agostinho.

Fim da Guerra do Contestado

Logo após o uso de armamentos pesados e aviões de artilharia, os revoltosos foram derrotados, em 1916, matando milhares sertanejos de forma violenta.

Consequências da Guerra do Contestado

Após os conflitos violentos e sangrentos que marcaram a Guerra do Contestado, a principal consequência foi a assinatura de um acordo entre paranaenses e catarinenses, resolvendo as questões de fronteira que, há anos, estendiam-se pela Justiça. Nas terras contestadas, surgiram cidades como Mafra, Chapecó e Porto União.

Exercícios resolvidos sobre a Guerra do Contestado

Questão 1 - Sobre o movimento do Contestado, ocorrido de 1912 a 1916, considere as afirmativas abaixo:

1- No início do movimento, o monge José Maria, sua principal liderança, foi morto, mas suas orientações continuaram a exercer influência sobre os participantes.

2- Esse movimento acabou por agregar diferentes segmentos sociais, como posseiros e sitiantes expulsos de suas terras, e comunidades negras e caboclas.

3- O movimento do Contestado tinha características milenares e messiânicas, mas também políticas e de contestação social.

4- Apesar do cunho contestatório, a simpatia para com a república foi uma característica continuamente presente no movimento do Contestado.

5- Uma das principais causas do movimento foi o fato de os sertanejos (ou caboclos) terem sido expulsos de suas terras pela estrada de ferro construída na região.

A) Somente as afirmativas 3, 4 e 5 são verdadeiras.

B) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.

C) Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 5 são verdadeiras.

D) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.

E) Somente as afirmativas 1, 2, 4 e 5 são verdadeiras.

Resolução

Alternativa C. A Guerra do Contestado foi caracterizada pela presença messiânica associada ao conflito por terras e crise social.

Questão 2 (Unespar) - “A experiência dos sertanejos do Contestado teve como foco a luta em oposição ao coronelismo, à concentração fundiária, à exploração de empresas estrangeiras e [como objetivo] a construção de comunidades autônomas em relação ao Estado e ao clero. Estes aspectos vão muito além das especificidades locais ou regionais. São questões que permeavam, e ainda permeiam, nosso país e boa parte da América Latina.”

(Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas. Entrevista com Paulo Pinheiro Machado sobre a Guerra do Contestado (1912-1916). Disponível em http://cpdoc.fgv.br/contestado/ecos/paulo-pinheiro-machado.

O trecho acima se refere à Guerra do Contestado (1912-1916). Sobre esse fenômeno histórico, identifique a alternativa INCORRETA:

A) Após a conclusão de parte da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, muitos operários foram demitidos e iniciou-se o processo de desapropriação das terras que ficavam à margem da ferrovia, intensificando as precárias condições de vida e os atritos entre as partes envolvidas.

B) A área do Contestado, rica em madeira e erva-mate, era disputada, desde o século XIX, entre Paraná e Santa Catarina, litígio que só foi encerrado após o fim do embate e a assinatura de um acordo entre as partes.

C) Na Guerra do Contestado, estiveram em conflito os governos federal e estadual contra posseiros e pequenos proprietários, que foram expulsos de suas terras.

D) De acordo com o trecho acima, o Contestado tem componentes comuns a conflitos em outros espaços, sobretudo em contendas que opõem interesses do grande capital ao de indivíduos comuns.

E) A Guerra do Contestado pode ser explicada pelo messianismo, com a liderança de “monges” e “virgens”, que transformou sertanejos comuns em fanáticos dispostos a matar e morrer pelas crenças religiosas.

Resolução

Alternativa E. O messianismo foi uma consequência da crise social na região do Contestado.

Crédito da imagem

[1] CPDOC / FGV

Escritor do artigo
Escrito por: Carlos César Higa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

HIGA, Carlos César. "Guerra do Contestado"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/guerra-contestado.htm. Acesso em 24 de abril de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

Explique o conflito de terras que ocorria na região do Contestado.

Exercício 2

Determine a influência da chegada da Brazil Railway Company no desenvolvimento da Guerra do Contestado.