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Folclore brasileiro

O folclore brasileiro é o que nós conhecemos como as manifestações da nossa cultura popular, como os ritmos musicais, as danças, as lendas, entre outras.

Carnaval, uma das manifestações da cultura que integram o folclore brasileiro.
O Carnaval é uma das festas que fazem parte das manifestações da cultura popular brasileira e que integram o nosso folclore.
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O folclore brasileiro é o conjunto de realizações que fazem parte da cultura popular brasileira. Dentro dessa definição, podem ser incluídos os contos, lendas, canções, ritmos, músicas, festas populares, jargões, literatura etc. Estudos na área do folclore brasileiro começaram timidamente no século XIX e consolidaram-se no século seguinte.

Extremamente rico, nosso folclore possui influências da cultura europeia, africana e indígena – um resultado da diversidade cultural aqui existente. Isso sem falar nos personagens folclóricos, como o Saci-Pererê, Curupira, Boitatá, Iara, entre outros.

Leia mais: Monteiro Lobato: um dos responsáveis por popularizar personagens do nosso folclore

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Tópicos deste artigo

História do folclore brasileiro

O folclore brasileiro enquanto área de estudo só ganhou força no Brasil a partir do século XX, mas as raízes dessa pesquisa em nosso país remontam ao século XIX. Isso foi possível graças à influência do Romantismo, corrente artística e literária que teve grande importância no Brasil. Essa corrente esteve associada com movimentos nacionalistas e procurava ressaltar elementos da cultura nacional.

Essa ideia foi reforçada com o Modernismo, corrente artística e literária que esteve em evidência, no Brasil, no começo do século XX. O movimento modernista tinha ideais ufanistas e idealizava o interior do Brasil como local da verdadeira brasilidade.

Selo com a imagem de Mário de Andrade, um estudioso do folclore brasileiro.
O escritor modernista Mário de Andrade foi um dos principais estudiosos do folclore brasileiro.[1]

O estudo do folclore passou a ser visto como uma forma de valorizar a cultura nacional. No século XIX, autores como Amadeu Amaral e Sílvio Romero tiveram importante papel na consolidação desse estudo. No começo do século XX, outros nomes, como os de Mário de Andrade e Arthur Ramos, ganharam notoriedade nesse campo do conhecimento.

A importância de Mário de Andrade no fortalecimento dos estudos sobre o folclore brasileiro foi reforçada na década de 1930, quando ele esteve à frente do Departamento de Cultura do Estado de São Paulo. Os estudos desenvolvidos começaram a aproximar o estudo do folclore com campos das ciências humanas e sociais.

Na década de 1940, a Unesco, entidade vinculada à ONU, recomendou o estudo e preservação do folclore nacional, e isso teve grande influência no Brasil, resultando na criação da Comissão Nacional de Folclore, em 1947. O crescimento do estudo do folclore levou à organização do I Congresso Brasileiro de Folclore, no Rio de Janeiro, em 1951.

Por meio desse congresso, foi debatido o que era folclore e o que deveria ser considerado como parte do folclore brasileiro. O documento emitido por esse congresso ficou conhecido como Carta do Folclore Brasileiro e norteou os debates e os estudos sobre folclore durante as décadas seguintes.

De acordo com esse documento, ficou estabelecido que o estudo do folclore era parte das ciências antropológicas e culturais. Além disso, definiu-se o folclore como “as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela tradição popular” e que os elementos que formam o folclore (chamados de “fato folclórico”) possuíam algumas características, como aceitação coletiva e origem popular|1|.

Em 1958, durante o governo de Juscelino Kubitschek, foi criada a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro (CDFB) por meio do Ministério da Educação e Cultura. O objetivo dessa campanha, obviamente, era garantir a preservação do acervo folclórico brasileiro. A década de 1960 contou com a Revista do Folclore Brasileiro como grande difusora dos estudos realizados na área.

O golpe militar de 1964 acabou sendo um banho de água fria no crescimento dos estudos sobre o folclore do Brasil. Institucionalmente, as ações e estudos realizados nessa área pela CDFB foram interrompidos pela ditadura e só foram retomados a partir de 1976. O símbolo da repressão que se iniciava com a ditadura e que foi direcionado contra a CDFB (mas não somente contra ela) foi o fechamento do prédio em que ela estava localizada. Na porta do prédio, constava o cartaz com os dizeres: “fechado por ser um antro de comunistas”|2|.

A partir da década de 1990, os estudos sobre folclore ganharam novo fôlego no Brasil. Um grande marco foi o VIII Congresso Brasileiro de Folclore, que aconteceu em Salvador, em 1995. Baseando-se na Carta do Folclore Brasileiro, de 1951, esse congresso emitiu um novo documento com atualizações importantes.

Desde então ficou definido que “folclore é o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social”|3|. Outra determinação importante foram as garantias de preservação do patrimônio folclórico dadas pela Constituição de 1988, em seus artigos 215 e 216.

Leia também: Semana da Arte Moderna: um dos principais eventos artísticos da história do Brasil

Manifestações do folclore brasileiro

Bandeirolas de festa junina, uma festa tradicional da cultura e do folclore brasileiro.
As festas juninas são uma das festas mais tradicionais da cultura popular brasileira.

Utilizando como base a definição dada no VIII Congresso Brasileiro de Folclore, de 1995, podemos afirmar que o folclore brasileiro é resultado das criações culturais de uma comunidade, sendo assim, podemos incluir dentro do folclore não somente os contos e histórias de personagens folclóricos, como também os ritmos musicais, as danças, as festas populares, as brincadeiras etc.

Veja alguns exemplos de manifestações do folclore brasileiro:

Personagens do folclore brasileiro

                               Curupira, personagem do folclore brasileiro.     Mula sem cabeça, personagem do folclore brasileiro.                              
Curupira e Mula sem Cabeça são dois personagens bem conhecidos do folclore brasileiro.

Uma parte muito importante do nosso folclore são as nossas lendas, que tornaram conhecidos na cultura popular personagens e seres míticos que reproduzem características importantes das três culturas que influenciaram a formação da cultura brasileira. Veja alguns desses personagens:

  • Saci-Pererê: entidade do folclore conhecida por ser zombeteira. O Saci é um pequeno negrinho conhecido por realizar travessuras contra viajantes e moradores da zona rural. Possui uma perna e utiliza um gorro vermelho.

  • Boitatá: cobra de fogo que, na lenda, atacava aqueles que incendiavam a floresta.

  • Curupira: entidade da floresta que é pequeno, possui cabelos vermelhos e os pés ao contrário (com os calcanhares para frente). Era uma espécie de protetor da floresta que aterrorizava aqueles que a destruíam.

  • Boto cor-de-rosa: ser muito conhecido do folclore amazônico que, na lenda, transformava-se em um homem sedutor que frequentava festas, seduzindo e engravidando mulheres solteiras.

  • Mula sem Cabeça: na tradição popular, mulheres que se deitavam com sacerdotes religiosos poderiam ser amaldiçoadas e transformar-se em uma mula que galopa soltando fogo pela cabeça e assombrando aqueles que encontra.

Veja também: Senhor do Bonfim: o homenageado de uma das principais festas religiosas do Brasil

Dia do Folclore Brasileiro

Ilustração de duas pessoas tocando instrumentos do baião, dança típica do folclore brasileiro.
O baião é uma das manifestações mais conhecidas da cultura popular brasileira na música.

Atualmente, existe no Brasil o Dia do Folclore Brasileiro, que é comemorado em 22 de agosto. A criação do Dia do Folclore Brasileiro ocorreu por meio do Decreto nº 56.747, que foi assinado em 17 de agosto de 1965 pelo então presidente militar, Humberto Castello Branco. O objetivo da criação desse dia era incentivar estudos na área e garantir a preservação do folclore brasileiro.

O dia 22 de agosto foi escolhido por meio de um marco importante nos estudos dessa área do conhecimento. Em 22 de agosto de 1846, o escritor inglês teve um artigo publicado em uma revista inglesa sugerindo a criação da palavra “folklore”, argumentando que ela significava “saber tradicional de um povo”.

Crédito de imagem

[1] rook76 e Shutterstock

Notas

|1| BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é folclore. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 31.

|2| CENTRO NACIONAL DE FOLCLORE E CULTURA POPULAR. Caminhos da Cultura Popular no Brasil. Para acessar, clique aqui.

|3| CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO. VIII Congresso Brasileiro de Folclore. Para acessar, clique aqui.

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Folclore brasileiro"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/folclore-brasileiro.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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