A classificação dos verbos é a seguinte: verbos regulares (sem alteração do radical), irregulares (com alteração do radical), anômalos (com irregularidade acentuada), defectivos (com conjugação incompleta) e abundantes (com mais de uma forma).
Quanto à função, os verbos podem ser auxiliares, principais ou de ligação. Além disso, os verbos podem ser intransitivos (têm sentido completo), transitivos (exigem um complemento direto ou indireto) ou bitransitivos (exigem um complemento direto e um complemento indireto).
Leia também: Formas nominais dos verbos — infinitivo, gerúndio e particípio
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre classificação dos verbos
- 2 - Como os verbos são classificados?
- 3 - Classificação dos verbos quanto à função
- 4 - Classificação dos verbos quanto à transitividade
- 5 - Exercícios sobre classificação dos verbos
Resumo sobre classificação dos verbos
- Os verbos são classificados da seguinte forma:
- Verbos regulares seguem um modelo de conjugação.
- Verbos irregulares não seguem um modelo de conjugação.
- Verbos anômalos apresentam forte alteração do radical.
- Verbos defectivos apresentam conjugação incompleta.
- Verbos abundantes têm duas ou mais formas.
- Quanto à função, os verbos podem ser auxiliares, principais ou de ligação:
- Verbos auxiliares acompanham um verbo principal de uma locução.
- Verbos principais de uma locução se apresentam em uma das formas nominais.
- Verbos de ligação ligam o sujeito ao predicado.
- Quanto à transitividade, os verbos podem ser transitivos ou intransitivos:
- Verbos transitivos diretos exigem um objeto direto.
- Verbos transitivos indiretos exigem um objeto indireto.
- Bitransitivos exigem objeto direto e indireto.
- Intransitivos não exigem complemento.
Como os verbos são classificados?
→ Verbos regulares
Os verbos regulares seguem o mesmo modelo de conjugação. Veja, por exemplo, a conjugação dos verbos regulares “amar” e “falar” (ambos terminados em -ar), no presente do indicativo:
Eu amo
Tu amas
Ele/Ela ama
Nós amamos
Vós amais
Eles/Elas amam
Eu falo
Tu falas
Ele/Ela fala
Nós falamos
Vós falais
Eles/Elas falam
Observe que o radical dos dois verbos é acrescido de -o, -as, -a, -amos, -ais e -am. Portanto, apresentam uma regularidade na conjugação.
→ Verbos irregulares
Os verbos irregulares NÃO seguem o mesmo modelo de conjugação e, portanto, têm o radical alterado. Veja, por exemplo, a conjugação dos verbos irregulares “dizer” e “fazer” (ambos terminados em -er), no presente do indicativo:
Eu digo
Tu dizes
Ele/Ela diz
Nós dizemos
Vós dizeis
Eles/Elas dizem
Eu faço
Tu fazes
Ele/Ela faz
Nós fazemos
Vós fazeis
Eles/Elas fazem
Observe que eles apresentam irregularidade na primeira pessoa do singular. Assim, há uma alteração no radical dos dois verbos, ou seja, diz- e faz-, em que o “z” se converte em “g” (digo) e em “ç” (faço). No entanto, há regularidade nas outras pessoas.
→ Verbos anômalos
Os verbos anômalos são aqueles que apresentam uma irregularidade muito acentuada, isto é, uma alteração muito grande no radical. São anômalos os verbos “ser” e “ir”, por exemplo. Tais verbos apresentam formas como “ela é”, “ele vai” etc.
Veja a conjugação do verbo “ser”, no pretérito perfeito do indicativo:
Eu fui
Tu foste
Ele/Ela foi
Nos fomos
Vós fostes
Eles/Elas foram
Nesse caso, a irregularidade está presente em todas as pessoas do verbo, já que o radical é alterado em todas elas.
→ Verbos defectivos
Os verbos defectivos têm conjugação incompleta. Por exemplo, o verbo “precaver”, no presente do indicativo, só apresenta conjugação na primeira e segunda pessoas do plural: “nós precavemos” e “vós precaveis”, não existindo conjugação para as outras pessoas do verbo.
Outro exemplo é o verbo “demolir”, no presente do indicativo, que não tem a primeira pessoa do singular, sendo assim conjugado:
Tu demoles
Ele/Ela demole
Nós demolimos
Vós demolis
Eles/Elas demolem
→ Verbos abundantes
Os verbos abundantes têm duas ou mais formas. E tal variação é mais recorrente nos particípios, como:
aceitado e aceito
absolvido e absolto
incluído e incluso
Outro exemplo é a primeira pessoa do verbo “comprazer” no pretérito perfeito do indicativo: “eu comprazi” ou “eu comprouve”.
Veja também: Como identificar uma locução verbal?
Classificação dos verbos quanto à função
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Verbos principais
Os verbos principais fazem parte de uma locução verbal e assumem uma das três formas nominais: infinitivo impessoal, gerúndio ou particípio. Aparecem logo depois do verbo auxiliar, como nos exemplos:
tinha amado
havia aberto
estava amando
começava a sonhar
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Verbos auxiliares
Os verbos auxiliares acompanham um verbo principal em uma locução verbal. Assim, o auxiliar aparece conjugado, enquanto o principal assume uma das formas nominais, ou seja, infinitivo impessoal, gerúndio ou particípio:
Malu tinha pedido uma folga.
Jorge estava falando alto.
Ludmila começou a estudar cedo.
Nos exemplos, temos os auxiliares “tinha”, “estava” e “começou”, seguidos, respectivamente, pelo particípio “pedido”, pelo gerúndio “falando” e pelo infinitivo “estudar”.
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Verbos de ligação
São aqueles que ligam o sujeito ao predicativo:
Mário é machista.
A Lua está brilhante.
Djamila parecia preocupada.
Eu continuava aborrecido.
Classificação dos verbos quanto à transitividade
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Verbos transitivos diretos
São aqueles que necessitam de um complemento SEM preposição para fazer sentido, como os verbos:
comer (algo)
comprar (algo)
visitar (alguém)
escrever (algo)
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Verbos transitivos indiretos
São aqueles que necessitam de um complemento COM preposição para fazer sentido, como os verbos:
assistir (a algo)
gostar (de algo ou de alguém)
obedecer (a alguém ou a alguma coisa)
acreditar (em algo ou em alguém)
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Verbos bitransitivos
Exigem dois complementos, isto é, um objeto direto (complemento SEM preposição) e um objeto indireto (complemento COM preposição). São bitransitivos verbos como:
dar (alguma coisa a alguém)
perguntar (algo a alguém)
propor (algo a alguém)
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Verbos intransitivos
Têm sentido completo, portanto não necessitam de um complemento. São exemplos de verbos intransitivos:
nascer
bastar
morrer
dormir
chorar
Saiba mais: Transitividade verbal — tudo sobre os verbos e seus complementos
Exercícios sobre classificação dos verbos
Questão 1 (Fumarc)
O objeto indireto é um termo da oração que complementa o sentido do verbo transitivo
indireto. Assinale a opção em que o pronome pessoal oblíquo exerce a função de objeto indireto.
A) Ele se considera um vencedor.
B) Eu a conheci na exposição de papel machê do Palácio das Artes.
C) Pediram-lhe maiores explicações sobre o fato.
D) Receberam-me muito bem no congresso.
Resolução:
Alternativa C. O pronome pessoal oblíquo “lhe” é objeto indireto do verbo “pediram”, sendo “maiores explicações sobre o fato” o objeto direto.
Questão 2 (Fumarc)
Escrever bem
Às vezes vejo-me envolvido em discussões sobre “escrever bem”. Já pensei no assunto e tenho uma ideia formada: ninguém “escreve bem”. Alguns “reescrevem bem” e, com isso, produzem textos mais enxutos, claros e eficientes. O segredo está em ler o que se acabou de escrever, enxergar os excessos, as impropriedades, as palavras ou frases obscuras e meter-lhes a caneta — português arcaico para “deletar”. Donde o mais exato seria dizer que ninguém escreve bem de primeira. Um ou outro achado brilhante pode piscar de repente na frase, e é ótimo quando acontece. Mas, em geral, tudo o que é fácil de ler foi difícil de escrever e vice-versa.
Reescrever consiste em expurgar o desnecessário. Se um adjetivo não servir de alimento ao substantivo a que se acopla, um dos dois está errado. E há os advérbios de modo que, automaticamente (epa, olha um!), se intrometem no texto e, geralmente (outro!), podem ser apagados sem prejuízo. [...].
Reescrever exige colocar-se no lugar do leitor e perguntar se a informação precisa de certos anexos. Um deles é o “vale ressaltar que...” — ao qual se segue a informação que se quer ressaltar. Experimente cortar o “vale ressaltar” e ir direto à informação. Descobrirá que não perderá nada com isso.
[...]
CASTRO, Ruy. Escrever bem. Folha de S. Paulo, São Paulo, 29 set. 2023. Opinião, p. 2. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycas-tro/2023/09/escrever-bem.shtml.
Descobrirá que não perderá nada com isso.
Assinale a alternativa cujo verbo exige, no contexto, o mesmo tipo de complemento que o do verbo em destaque no período acima.
A) ...enxergar os excessos...
B) ...ninguém escreve bem de primeira...
C) ...um dos dois está errado.
D) Já pensei no assunto...
Resolução:
Alternativa A. Tanto o verbo “descobrirá” quanto o verbo “enxergar” são transitivos diretos. Já o verbo “escrever” (alternativa B) está sendo usado como intransitivo. O verbo “está” (alternativa C) é de ligação. Por fim, o verbo “pensei” (alternativa D) é transitivo indireto.
Fontes
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 40. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2024.
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 49. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.
NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 15. ed. São Paulo: Scipione, 1999.
