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Aspectos da População do Oriente Médio: Contextualização Político-Econômica parte II

As melhorias socioeconômicas que atingiram alguns dos países do Oriente Médio por conta da economia do petróleo.

Israel, diferentemente de alguns países do Oriente Médio, é um país industrializado, desenvolvido e autossuficiente no abastecimento de alimentos
Israel, diferentemente de alguns países do Oriente Médio, é um país industrializado, desenvolvido e autossuficiente no abastecimento de alimentos
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O Oriente Médio tem experimentado um ciclo de crescimento e declínio ao longo dos últimos trinta anos. O período de 1965-1985 representou um momento de grande crescimento econômico. Esse crescimento foi facilitado pelo aumento drástico dos preços do petróleo, relacionado aos conflitos entre árabes e o Estado de Israel que culminaram no 1º Choque do Petróleo (1973) e na Revolução Islâmica que ocorreu no Irã em 1979. Tais fatos demonstraram que não houve um projeto de desenvolvimento econômico para esses países, e sim uma conjuntura econômica favorável proporcionada pelo aumento dos preços do barril de petróleo.

Irã e Iraque procuraram desenvolver projetos nacionalistas, mas seus interesses geopolíticos acabaram contribuindo para a Guerra Irã-Iraque entre 1980-1988, que acarretou em enormes perdas estruturais para ambas as partes. O Iraque, em especial, foi ainda mais afetado pelas pretensões territorialistas de seu antigo líder Saddam Hussein, o que juntamente às estratégias dos Estados Unidos para a região direcionou o país para dois grandes conflitos: a 1ª Guerra do Golfo (Janeiro e Fevereiro de 1991) e a 2ª Guerra do Golfo (2003-2011).

Como as divisas do petróleo cresceram, a maioria dos países do Oriente Médio teve um incremento de suas arrecadações. Os Estados produtores de petróleo (especialmente os grandes produtores como a Arábia Saudita, Irã, Iraque, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Catar) se beneficiaram diretamente na forma de receitas de exportação em altos valores. Da mesma forma, esses Estados tiveram muitas oportunidades de emprego disponíveis, como resultado das economias em expansão do Golfo Pérsico. 

Por outro lado, houve também um aumento na diferença de renda entre os países do Oriente Médio, o que significa que, apesar de todos os países terem aumentado a sua riqueza nacional durante esse período, em alguns países, as taxas de desenvolvimento cresceram substancialmente maiores do que as dos outros.  Na extremidade superior, os principais produtores, especialmente os do Golfo que possuem pequenas populações como Barein, Emirados Árabes Unidos e Omã, foram capazes de alcançar aumento real da renda por pessoa, que pode ser comparada, em alguns casos, com a Europa Ocidental. Ainda sim, a maioria dos países possui suas economias voltadas para o setor primário, com destaque para a agropecuária de baixa produtividade. Aqueles que possuem parte dos seus territórios localizados em áreas de clima mediterrâneo, como Líbano, Síria e Arábia Saudita, produzem cultivos típicos desse tipo climático, como as oliveiras, uvas, tâmaras e cítricos.

Na extremidade inferior, países como a Jordânia e o Iêmen permaneceram como os mais pobres da região. A Jordânia possui como agravante de seus aspectos sociais a presença de milhões de refugiados palestinos, principalmente por conta da proximidade com a Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. O Iêmen possui uma localização estratégica, próximo da principal rota dos petroleiros da região, entre os golfos de Áden e de Omã, representando a nação árabe que mais esteve suscetível à influência da rede terrorista Al-Qaeda. Sua posição na lista do IDH - Índice de Desenvolvimento Humano - é de 154º, a pior do Oriente Médio (com exceção aos territórios palestinos fragmentados).

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Síria e Líbano também possuem diversos problemas econômicos e sociais, dependendo do turismo e, no caso da Síria, também da produção de petróleo. A atuação de grupos extremistas islâmicos, principalmente o Hezbolah, e a ditadura síria de Bashar al-Assad são elementos que têm contribuído para a depreciação dos níveis sociais desses dois países. Em 2011, a Síria teve uma movimentação popular em direção à democratização do país e a pressão de grupos rebeldes para que o ditador al-Assad deixasse o governo sírio deu início a uma guerra civil.

As exceções são representadas por Turquia e Israel. A Turquia é considerada uma nação emergente, pertencente ao G-20 (grupo formado pelas 19 maiores economias mundiais e a União Europeia) e detém uma posição geográfica privilegiada, com a presença de importantes rotas marítimas e proximidade com a Europa, o que proporciona um incremento das atividades comerciais e do turismo. O país é membro do bloco militar OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e possui um parque industrial fundamentado na indústria pesada (siderurgia, metalurgia, química etc.), almejando uma vaga na União Europeia, pois parte de seu território está localizado no continente europeu.

Israel é um país industrializado e desenvolvido, com destaque para a indústria aeronáutica, de armamentos e eletrônica. Possui uma população de 7,5 milhões de habitantes, distribuídos em uma área de aproximadamente 20 mil km2. Apesar de estar localizado em uma área com climas secos, é autossuficiente no abastecimento de alimentos, devido aos investimentos em projetos de irrigação e dessanilização da água. As principais concentrações urbano-industriais estão localizadas na capital Telavive e na cidade portuária de Haifa.


Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP

Escritor do artigo
Escrito por: Júlio César Lázaro da Silva Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Júlio César Lázaro da. "Aspectos da População do Oriente Médio: Contextualização Político-Econômica parte II"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/aspectos-populacao-oriente-medio-contextualizacao-politico-economica.htm. Acesso em 16 de abril de 2024.

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