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Boto-cor-de-rosa

Boto-cor-de-rosa é uma lenda do folclore que fala de botos que se transformavam em homens sedutores de mulheres, engravidando-as e desaparecendo depois.

Ilustração do boto cor-de-rosa.
O boto-cor-de-rosa é a lenda de um boto que, transformado em um homem sedutor, parte à procura de mulheres para seduzir.
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O boto-cor-de-rosa é uma lenda do folclore brasileiro, sendo muito influente na região Norte do país. Fala de um boto que se transforma em um homem belo e sedutor. Na forma humana, o boto seduz mulheres para engravidá-las. Essas mulheres são abandonadas pelo ser, que retorna para o rio em sua forma animal.

Acesse também: Você conhece a lenda do corpo-seco?

Tópicos deste artigo

Conhecendo a lenda do boto cor-de-rosa

O boto-cor-de-rosa é um dos seres do folclore brasileiro, sendo sua lenda muito comum na região Norte. O boto-cor-de-rosa é um animal presente nos rios amazônicos, e, na sua história, ele tem uma conotação negativa.

A lenda do boto-cor-de-rosa fala que esse animal se transforma em um homem muito bonito e conquistador, que parte à procura de mulheres para seduzi-las. Existem diferentes versões da lenda, sendo que algumas falam que ele se transforma durante qualquer festa nas comunidades ribeirinhas, e outras, que a transformação só acontece na Lua cheia do mês de junho, durante as festividades de Santo Antônio, São João e São Pedro.

O boto, como mencionado, transforma-se em um homem muito bonito, com boa conversa e galanteador. Durante a transformação, ele passa a usar roupas e sapatos brancos, além de um chapéu que tampa o topo de sua cabeça. Esse chapéu seria um disfarce, pois a transformação não é completa: no topo da cabeça estariam as narinas do boto.

Sendo assim, o chapéu esconde a grande evidência de que aquele homem é, na verdade, o boto. Existem versões da lenda que falam que o boto procura a mulher mais bonita da festa para seduzi-la, e outras, que ele não procura necessariamente a mais bonita, mas sim uma mulher virgem.

Depois de seduzir a mulher, o boto deita-se com ela e, antes do fim da noite, ele a abandona. Essa mulher engravida, e seu filho cresce sem pai, uma vez que o boto voltou para suas águas. Essa lenda era muito utilizada na tradição popular para explicar os filhos sem pai. Assim, todo filho que cresce sem saber quem é o pai fica conhecido como filho(a) do boto.

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Origem da lenda do boto cor-de-rosa

Ilustração de um homem de terno branco representando a transformação do boto cor-de-rosa
Na lenda, o boto-cor-de-rosa se transforma em um homem sedutor que usa roupas brancas.

O antropólogo Luís da Câmara Cascudo aponta que a ligação da lenda de cetáceos com atos carnais é antiga e remonta à Grécia Antiga. Câmara Cascudo aponta para o fato de que o golfinho (espécie que se assemelha ao boto) era um símbolo de luxúria para gregos e romanos, que o associavam com o culto de Afrodite (Vênus, para os romanos), a deusa do amor|1|.

Além disso, existia literatura que narrava a paixão de golfinhos por homens e mostrava o animal como parte de um fetiche ictiofálico, isto é, a visão do peixe como um falo. Pode ser ressaltado também que os movimentos do golfinho na água eram assemelhados aos do ato sexual.

Essa associação do golfinho com a luxúria permaneceu e foi aplicada, no Brasil, ao boto-cor-de-rosa. No entanto, a lenda do boto-cor-de-rosa não estava presente na cultura indígena até o século XVII, e o boto encarado como animal sedutor só se estabeleceu na cultura popular em meados do século XIX.

A visão grega do boto como um animal afrodisíaco, símbolo da luxúria, repercutiu em determinadas práticas populares no Brasil. Luís da Câmara Cascudo aponta que partes do corpo dos botos-cor-de-rosa eram tidas como portadoras de poderes mágicos|2|. O olho seco de um boto, por exemplo, era tido como um poderoso amuleto amoroso.

Por fim, lendas parecidas com a do boto estão presentes em outros locais da América do Sul, como a Argentina e o Chile, e também em determinados locais da Europa.

Notas

|1| CÂMARA CASCUDO, Luís da. Geografia dos mitos brasileiros. São Paulo: Global, 2012.

|2| CÂMARA CASCUDO, Luís da. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Ediouro, s/d, p. 183.

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Boto-cor-de-rosa"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/folclore/boto-cor-de-rosa.htm. Acesso em 16 de abril de 2024.

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