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Esgrima

Praticada com espada, florete ou sabre, a esgrima é a única modalidade de combate em que não é permitido o contato corporal.

Dois praticantes em momento de combate na esgrima em uma pista oficial.
A esgrima é a única modalidade de combate que não permite o contato corporal dos praticantes.
Crédito da Imagem: shutterstock.com
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  A esgrima é um esporte de combate que utiliza florete, espada ou sabre. O objetivo do esgrimista é tocar o adversário e evitar ser tocado. Essa é a única modalidade de combate em que não é permitido o contato corporal.

Para a prática, é necessário utilizar indumentária específica, como máscara de ferro (para proteger o rosto) e o colete elétrico (que identifica os toques). As movimentações na esgrima consistem em deslocamentos, ataques e defesas. Entre os tipos de movimento, estão: flecha, a fundo, romper, guarda e marcha.

Confira também: Judô — uma das modalidades de combate nas quais o contato corporal é crucial

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a esgrima

  • A esgrima é um esporte de combate que utiliza florete, espada ou sabre.
  • A evolução histórica da esgrima se confunde com o processo de desenvolvimento de armas de combate.
  • Documentos históricos apontam a prática semelhante à esgrima pelos egípcios no contexto de combate de guerra.
  • As armas utilizadas na esgrima mudaram ao longo do tempo: antes, mais pesadas e robustas; atualmente, mais leves e dinâmicas.
  • Entre os tipos de armas utilizados na esgrima estão a espada, o florete e o sabre.
  • A fundo, flecha, marcha, romper e guarda são movimentações da esgrima.
  • A área de combate da esgrima é semelhante a um corredor, estreita e comprida, e é chamada de pista.
  • Desde as primeiras Olimpíadas modernas (1896), a esgrima integra o grupo de esportes olímpicos.
  • A modalidade paraesgrima é praticada por pessoas que convivem com deficiências físicas e faz parte dos Jogos Paralímpicos desde 1960.

O que é a esgrima?

A esgrima é uma prática de combate com espada, florete ou sabre cujo objetivo é tocar o adversário com a arma, na mesma medida que se evita ser tocado. O esporte é praticado na pista, área de combate retangular, sem contato corporal. A modalidade faz parte dos Jogos Olímpicos desde a primeira edição moderna, em 1896, na cidade grega de Atenas.

Regras da esgrima

Praticantes de esgrima em salão de treinamento.
A zona de ataque no corpo do adversário muda conforme o tipo de arma da esgrima.

As regras da esgrima são constituídas da caracterização da área de combate, da vestimenta utilizada pelos competidores, dos tipos de armas, das ações realizadas de ataque e defesa, dos tipos de movimentos e da duração do combate. Confira mais informações sobre cada aspecto a seguir.

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Armas da esgrima

As armas utilizadas na esgrima são brancas, sendo elas: o florete, a espada e o sabre. Elas se diferenciam pelo formato da lâmina e nas zonas do corpo onde se pode tocar.

  • Florete: a ação ofensiva ocorre pela ponta, e a zona válida para ataque no adversário é o tronco e pescoço.

  • Espada: a ação ofensiva é feita pela ponta, enquanto a área que se pode tocar no oponente é o corpo todo.

  • Sabre: a ação ofensiva pode ser executada tanto pela ponta quanto pela lâmina e se pode tocar no adversário da cintura para cima (tronco, membros superiores e cabeça).

Confira a representação dos locais do corpo onde se pode tocar com as armas da esgrima:

Ilustração mostra na cor laranja os lugares do corpo onde se pode atacar a depender do tipo de arma da esgrima.
Locais de corpo onde se pode tocar com as armas da esgrima.[1]

Área de combate da esgrima

O local de prática e disputa da esgrima deve ser formado por uma superfície plana e horizontal, sem dar vantagem ou desvantagem para qualquer um dos competidores. A área é estreita e alongada, inspirada nos corredores de castelos, onde o esporte começou a ser praticado.

A pista é a parte do local onde ocorre o combate. Os três tipos de armas da esgrima são disputados na pista. A área de combate tem de 1,5 a 2 metros de largura e 14 metros de comprimento. Confira na imagem abaixo a representação das diferentes linhas e componentes da pista de combate da esgrima:

Retângulo com marcações de linhas e de medidas mostrando as dimensões da área de combate da esgrima.
Dimensões da área de combate da esgrima.[2]

Vestimenta e equipamentos da esgrima

Principais equipamentos da esgrima: máscara, luva e espada.
Os principais equipamentos da esgrima são máscara, luva e espada.

Os competidores da esgrima devem utilizar uma vestimenta própria na cor branca composta por:

  • Calça
  • Jaqueta
  • Plastron (protetor usado sob a jaqueta)
  • Máscara
  • Luva
  • Tênis
  • Meias
  • Fios elétricos (utilizados para identificação de toques das armas)
  • Protetores masculinos (não obrigatórios) e femininos (obrigatórios)

Ações da esgrima

Entre as ações da esgrima estão as ofensivas e as defensivas. Na primeira, ocorrem os ataques, as respostas e as contrarrespostas.

  • Ataque: ação ofensiva que inicia com o alongamento do braço armado, de forma que ocorra uma ameaça contra o adversário.

  • Resposta: reação do atleta que parou o ataque.

  • Contrarresposta: reação do atleta que parou a resposta.

Já as ações defensivas são caracterizadas pelas paradas. Nesse tipo de ação, é feito um movimento com a arma que busca impedir uma ação ofensiva do adversário.

Mulheres esgrimistas em combate de esgrima nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
Atletas da Rússia e da França durante combate de esgrima nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.[3]

O combate da esgrima começa no comando “combate” e termina no comando “alto”. Todas as ações ou toques realizados após o comando “alto” são inválidos. Em casos que se percebe uma prática com ações perigosas ou contrárias ao regulamento da esgrima, pode se aplicar o comando “alto”.

A cada toque válido no corpo de um competidor, os praticantes são realocados em guarda no meio da pista. Se o toque não for validado, eles podem voltar à guarda no local onde estavam antes da interrupção do combate.

Faltas da esgrima

Entre as faltas da esgrima, estão:

  • virar-se de costas para o oponente;
  • contato corporal;
  • uso da mão e braço não armados;
  • segurar qualquer parte do equipamento elétrico.

Tempo de duração da esgrima

O combate na esgrima é composto por três rounds de três minutos cada ou até um competidor tocar 15 vezes em seu adversário.

Movimentos da esgrima

Esgrimista realiza movimento a fundo, um dos movimentos da esgrima.
Esgrimista realiza movimento a fundo.

Confira, abaixo, alguns movimentos realizados na prática da esgrima:

  • Guarda: conhecida por ser a única posição do corpo em que o competidor está pronto tanto para o ataque quanto para a defesa.
  • Marcha: movimento de deslocamentos com as pernas à frente.
  • Romper: deslocamento de recuo.
  • A fundo: principal movimento de deslocamento para a realização do ataque no florete. Exige força muscular nos membros inferiores.
  • Flecha: movimento de ataque rápido para surpreender o oponente.
  • Volta à guarda: retorno à posição de guarda.

Acesse também: Taekwondo — arte marcial esportiva que utiliza movimentos realizados tanto com os pés quanto com as mãos

Esgrima no Brasil

Nathalie Moellhausen, atleta que conquistou dois títulos mundiais de esgrima, comemorando vitória.
A atleta Nathalie Moellhausen conquistou dois títulos mundiais de esgrima. (Créditos: Augusto Bizzi / Instagram @nathaliemoellhausen | Reprodução)

A esgrima começou a ser praticada no Brasil durante o período imperial, tempo em que os mestres de armas já haviam chegado ao país. Com influência de Dom Pedro II, a esgrima foi inserida no uso do sabre pelas tropas, conforme Campos e Ribeiro pontuam em estudo sobre a história da modalidade.

A Escola Militar de Realengo, no Rio de Janeiro, adotou a esgrima para os cursos de Infantaria e Cavalaria no ano de 1858. Nesse mesmo período, foi criada uma escola de esgrima no Batalhão de Caçadores de São Paulo.

Anos depois, em 1906, o Coronel Pedro Dias Campos, desse batalhão paulista, inaugurou o Curso de Formação em Ginástica e Esgrima. Em 1909, a Escola de Educação Física da Força Pública de São Paulo apresentou seu curso de esgrima.

Os serviços do mestre Gauthier, influente educador da esgrima na França, foram contratados pelo Exército Brasileiro. O instrutor atuava na Escola Joinville Le Point da França.

A União Brasileira de Esgrima foi criada com o apoio das federações pioneiras do esporte no país, a carioca e a paulista. A Liga de Desportos do Exército e a Marinha também atuaram nesse processo. Logo ocorreu a filiação da União Brasileira do esporte à Federação Internacional de Esgrima.

O time brasileiro de esgrima participou pela primeira vez das Olimpíadas em 1936, na cidade alemã de Berlim. Em 1937, foi criado o Curso de Mestre d’Armas da Escola de Educação Física do Exército Brasileiro, que funciona até hoje.

A maior participação olímpica brasileira em números de atletas ocorreu na edição de 2016, no Rio de Janeiro, com seis atletas. De 1936 até 2016, foram 44 brasileiros na esgrima olímpica, sendo 10 mulheres.

Leia também: Participação do Brasil nos Jogos Olímpicos

Esgrima no mundo

Os países mais tradicionais da esgrima no mundo são Itália e França, nações que contribuíram nos estudos, desenvolvimento e regulamentação da prática historicamente. Entre os países com mais títulos mundiais da esgrima estão:

  • Itália
  • França
  • Estados Unidos
  • Hungria
  • Polônia

As principais competições internacionais do esporte são o Campeonato Mundial de Esgrima e os Jogos Olímpicos.

História da esgrima

A prática da esgrima remonta ao período da Pré-História, quando se utilizava pedaço de madeira como forma de defesa e ataque para garantir a sobrevivência. Assim que os objetos de metais passaram a ser fabricados pelos seres humanos, as primeiras armas de combate começaram a ser utilizadas no lugar dos itens de madeira.

Nesse sentido, a evolução histórica da esgrima se mistura com o processo de desenvolvimento de armas brancas de combate. As armas brancas são aquelas utilizadas para ataque/defesa, com característica perfurante e que não são de fogo.

Documentos egípcios indicam os primeiros relatos da prática de esgrima, como uma ilustração que mostra o templo de Madinat Habu, construído por Ramnsés III em 1190 a. C. A esgrima era utilizada em combates de guerra, e, após um tempo, passou a ser realizada por gladiadores em espetáculos públicos de entretenimento, aproximando-se do universo circense.

As primeiras armas da esgrima eram pesadas, e, após o desenvolvimento de novos itens para o combate, tornaram-se mais leves e dinâmicas. Algumas práticas do passado eram feitas sobre cavalos. Esses torneios eram chamados de justas.

Os primeiros estudos formais sobre a esgrima foram realizados na Itália e contribuíram para a formação da base moderna do esporte. As espadas desse período eram chamadas de durindanas, sendo alongadas e com a ponta perfurante.

No século XVII, além dos italianos, os franceses iniciaram suas pesquisas e práticas da esgrima. A partir daí, surgiram novos aspectos que aproximam a modalidade do que se conhece hoje, como a utilização de luvas, máscaras, punhais, coletes para os mestres, como também o uso dos floretes.

Com a modernização do esporte, no século XVIII, as lâminas ficaram mais curtas e as defesas se tornaram mais eficientes. O uso dos membros inferiores mudou e se tornou mais complexo na realização de deslocamentos.

A máscara como a utilizada hoje em dia foi incluída no final do século XVIII e criada por La Bosière. Nesse período, a prática passou a conter troca de golpes com velocidade, agora, sem o risco de ferimentos nos olhos por conta da máscara utilizada pelos praticantes.

Desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos modernos, em 1896, a esgrima integra o quadro de esportes olímpicos. A internacionalização das regras da esgrima ocorreu em 1913.

Foto em preto e branco de espectadores assistindo a um combate de esgrima durante os Jogos Olímpicos (Olimpíadas) de 1906.
Combate de esgrima durante os Jogos Olímpicos de 1906, em Atenas, na Grécia.

Em 1936, durante os Jogos Olímpicos de Berlim, foi utilizado o primeiro equipamento elétrico em uma competição oficial da esgrima. O objetivo, identificar de maneira automática o toque da arma no oponente, eliminando assim a necessidade de juízes que verificavam essas ações.

Ao longo do processo de evolução da prática da esgrima, pode se destacar a mudança de uma característica mais estática para um modo mais dinâmico de combate. Os golpes se tornaram cada vez mais rápidos, e, junto a isso, o esporte foi sendo moldando por um processo de preparação física consistente dos seus praticantes.

Veja também: Atletismo — detalhes sobre uma das mais antigas modalidades esportivas disputadas nos Jogos Olímpicos

Paraesgrima ou esgrima em cadeira de rodas

A paraesgrima ou esgrima em cadeira de rodas foi idealizada por Sir Ludwig Guttmann, neurologista alemão. O desenvolvimento da modalidade se deu no Hospital Stoke Mandeville, na Inglaterra. Nessa modalidade, praticam esportistas que convivem com determinadas deficiências físicas.

Atletas de esgrima em cadeira de rodas durante competição os Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016.
Atletas da paraesgrima durante os Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016.[4]

No ano de 1948, Guttmann realizou uma competição esportiva com veteranos da Segunda Guerra Mundial com lesão na medula espinhal. O esporte adaptado foi apresentado nos Jogos Paralímpicos de Roma, em 1960. Entre os critérios que definem a deficiência para o esporte estão: deficiência de membros, força muscular prejudicada, atletas com alteração no equilíbrio, hipertonia e atetose.

Acesse também: O que são as Paralimpíadas?

Curiosidades sobre a esgrima

  • A primeira medalha olímpica da esgrima conquistada por algum país da América Latina foi a do cubano Ramón Fonst, de apenas 16 anos, nos Jogos Olímpicos de 1900 de Paris.
  • Quando não havia sensor elétrico para indicar o toque, os esgrimistas diziam a expressão francesa “touché!”, utilizada pela personagem D’Artagnan, de Os Três Mosqueteiros.
  • As armas da esgrima não têm pontas afiadas para não ferir os adversários.
  • A pista da esgrima, onde ocorre o combate, tem medidas semelhantes à de um corredor de castelo, lugar em que era praticada a modalidade antigamente.
  • Moacy Dunham foi o brasileiro que mais disputou provas da esgrima olímpica, sendo cinco em Berlim (1936), participando de provas dos três tipos de armas.
  • Renzo Agresta é o atleta brasileiro que participou de mais edições de Jogos Olímpicos na esgrima: Atenas (2004), Pequim (2008), Londres (2012) e Rio de Janeiro (2016).

Créditos de imagem

[1]Confederação Brasileira de Esgrima (reprodução)

[2]Confederação Brasileira de Esgrima (reprodução)

[3]Celso Pupo / Shutterstock

[4]A.RICARDO / Shutterstock

Fontes

CAMPOS, Felipe Keese Diogo Campos; RIBEIRO, Jacques Chiganer Cramer. História da Esgrima, da criação à atualidade. Revista de Educação Física 2007;137:65-69. Disponível em: https://revistadeeducacaofisica.emnuvens.com.br/revista/article/view/348/376

CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ESGRIMA. Paraesgrima. Disponível em: https://cbesgrima.org.br/paraesgrima/.

COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO. Esgrima. Disponível em: https://www.cob.org.br/pt/cob/time-brasil/esportes/esgrima/.

FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ESGRIMA. Regras para as competições. Tradução. Disponível em: https://cbesgrima.org.br/wp-content/uploads/2020/12/Regulamento-Tecnico-Esgrima-FIE-v2021.pdf.

PÁDULA, Cirlene Gonçalves. Esgrima na escola: proposta de uma sequência didática para o ensino fundamental e anos finais. Mestrado Profissional em Ensino, Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), Cornélio Procópio, 2022. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/703786.  

Escritor do artigo
Escrito por: Lucas Afonso Jornalista pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e bacharel em Educação Física pelo Centro Universitário Internacional (Uninter).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

AFONSO, Lucas. "Esgrima"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/educacao-fisica/esgrima.htm. Acesso em 19 de abril de 2024.

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