A divisão regional do Brasil é a divisão dos estados e do Distrito Federal em grandes regiões que foram delimitadas a partir de aspectos naturais, socioeconômicos e culturais em comum. Levando isso em consideração, o IBGE estabeleceu, no ano de 1970, as cinco grandes regiões brasileiras:
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Norte;
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Nordeste;
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Centro-Oeste;
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Sudeste;
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Sul.
O que mudou desde então foi apenas a sua composição, uma vez que novas unidades federativas foram formadas a partir da fragmentação territorial, como no caso do Mato Grosso do Sul e do Tocantins, ou pela elevação de territórios federais à categoria de estado, que foi o que aconteceu com Amapá, Rondônia e Roraima. Dessa forma, a atual configuração das regiões brasileiras foi adquirida em 1990, seguindo a formalização da nova divisão político-administrativa do território através da Constituição Federal de 1988.
Leia também: Regiões do Brasil — mais detalhes sobre as cinco grandes regiões brasileiras
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a divisão regional do Brasil
- 2 - Divisão regional do Brasil atual
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3 - Divisão regional do Brasil ao longo dos anos
- → 1822 – Criação das províncias
- → 1889 – Mudança na categorização da divisão político-administrativa do Brasil
- → 1913 – Primeira regionalização do Brasil
- → 1940 – Nova regionalização oficial proposta pelo IBGE
- → 1945 – Ampliação do número de regiões brasileiras
- → 1960 – Reorganização do território brasileiro e volta das cinco regiões
- → 1970 – Delimitação das atuais regiões do Brasil
- → 1990 – Atual regionalização do Brasil
- 4 - Exercícios sobre divisão regional do Brasil
Resumo sobre a divisão regional do Brasil
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A divisão regional do Brasil é o agrupamento das unidades federativas (estados e o Distrito Federal) em grandes regiões segundo aspectos naturais, socioeconômicos e culturais em comum.
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As grandes regiões atuais foram delimitadas pelo IBGE em 1970. A sua composição atual com todas as 27 unidades da federação foi determinada em 1990.
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O Brasil é, hoje, dividido em cinco grandes regiões:
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Região Norte;
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Região Nordeste;
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Região Centro-Oeste;
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Região Sudeste;
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Região Sul.
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A primeira proposta de divisão regional do Brasil foi feita no ano de 1913 pelo geógrafo e professor Delgado de Carvalho.
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No período anterior, o território brasileiro era dividido em capitanias hereditárias (Brasil Colônia) e posteriormente em províncias (Brasil Império), sem divisão regional.

Divisão regional do Brasil atual
A divisão regional do Brasil atual agrupa as suas 27 unidades da federação (UFs) em cinco grandes regiões. São elas:
Essas regiões foram delimitadas pela Divisão de Geografia do IBGE no ano de 1970, e assumiram a sua configuração atual somente na década de 1990, depois da promulgação da nova Constituição Federal, em 1988, e a formalização das novas unidades federativas do Brasil. Veja no mapa a seguir como se dá a atual divisão regional do Brasil:

A tabela abaixo detalha quais estados pertencem a cada uma das cinco regiões brasileiras, assim como as suas respectivas área e população:
Grande Região |
UFs |
Área |
População |
Norte |
Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. |
3.850.593,1 km2 |
17.354.884 |
Nordeste |
Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe e Rio Grande do Norte. |
1.552.175,4 km2 |
54.658.515 |
Centro-Oeste |
Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. |
1.606.354 km2 |
16.289.538 |
Sudeste |
Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. |
924.558,3 km2 |
84.840.113 |
Sul |
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. |
576.736,8 km2 |
29.937.706 |
Divisão regional do Brasil ao longo dos anos
Antes de analisarmos como a divisão regional do Brasil transformou-se ao longo dos anos, observe, abaixo, a primeira divisão administrativa do território recém-colonizado pelos portugueses no século XVI. As capitanias hereditárias estão restritas à faixa costeira, com uma ampla área ainda inexplorada e, portanto, desconhecida pelos europeus à época, representada em amarelo.

Como podemos perceber, desde o início da formação do território brasileiro, até o momento presente, a sua configuração passou por diversas alterações. Essas alterações incluem a divisão político-administrativa em capitanias hereditárias, a criação de diferentes províncias e, posteriormente, o estabelecimento das unidades federativas, inicialmente compreendendo apenas os estados e, depois, os estados e um Distrito Federal. Como forma de agrupar essas diferentes unidades administrativas e, assim, facilitar a gestão de uma área tão grande quanto a do Brasil, foram estabelecidas as regiões.
Note que a primeira proposta de regionalização do território brasileiro aconteceu somente no ano de 1913, como veremos adiante. Antes disso, a organização dava-SE através de províncias. A seguir, vamos compreender melhor como aconteceu essa divisão e seu processo de transformação no decorrer dos anos.
→ 1822 – Criação das províncias
O ano de 1822 ficou marcado pela independência do Brasil com relação à Portugal, que foi acompanhada da implementação de um regime imperial. Além das várias transformações políticas, principalmente, e também econômicas pelas quais o país passava à época, está o reordenamento de seu território. As capitanias hereditárias foram extintas em 1822, dando lugar às províncias.
O Império do Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), era divido em 18 províncias, as quais estão listadas na tabela abaixo.
Alagoas |
Mato Grosso |
Rio de Janeiro |
Bahia |
Minas Gerais |
Rio Grande do Norte |
Ceará |
Pará |
São Pedro do Rio Grande do Sul |
Espírito Santo |
Paraíba |
Santa Catarina |
Goiás |
Pernambuco |
São Paulo |
Maranhão |
Piauí |
Sergipe |
A Cisplatina também era considerada uma província brasileira nos primeiros anos do Império. No entanto, essa província tornou-se independente no ano de 1828, dando origem ao Uruguai após a Guerra da Cisplatina. O mapa a seguir mostra como se distribuíam as províncias do Império do Brasil:

→ 1889 – Mudança na categorização da divisão político-administrativa do Brasil
Algumas alterações significativas aconteceram no território brasileiro durante o Brasil Império, alterando o seu mapa antes mesmo da Proclamação da República. Foram elas:
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Criação da Província do Amazonas, que se separou da Província do Pará.
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Elevação da Comarca de Curitiba ao status de Província, tornando-se a Província do Paraná.
Tais mudanças aconteceram entre as décadas de 1840 e 1850. Com a Proclamação da República, que se deu em 1889, a divisão político-administrativa do Brasil passou por uma reforma na sua classificação. As províncias passaram a ser categorizadas como estados. Além disso, houve a redefinição dos limites territoriais dos estados do nordeste do país. Veja, abaixo, como ficou o mapa do Brasil com essas mudanças:

→ 1913 – Primeira regionalização do Brasil
Com o objetivo de tornar mais eficaz a administração do território brasileiro, foi proposta, no ano de 1913, a primeira regionalização do Brasil. Ela foi elaborada pelo geógrafo e professor Delgado de Carvalho (1884-1980), que utilizou como principais critérios as características fisiográficas (ou naturais) de cada um dos estados brasileiros e, também, a sua posição no território. Assim, Carvalho dividiu o Brasil em cinco grandes regiões:

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Brasil Setentrional: Território do Acre (incorporado ao país em 1904) e estados do Amazonas e do Pará.
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Brasil Norte-Oriental: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
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Brasil Central: Goiás e Mato Grosso.
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Brasil Oriental: Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e o Distrito Federal. Esse Distrito Federal não é o mesmo que conhecemos atualmente. Trata-se, na realidade, da sede da capital brasileira que foi renomeada em 1891. Antes disso, era denominado Município Neutro (1834-1891). A área permaneceu como Distrito Federal até 1960, quando a capital brasileira foi transferida para Brasília.
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Brasil Meridional: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
→ 1940 – Nova regionalização oficial proposta pelo IBGE
A década de 1940 foi marcada pela primeira proposta de regionalização do Brasil feita pelo IBGE, que utilizou os mesmos critérios adotados por Delgado de Carvalho em 1913: posição geográfica e aspectos físicos em comum predominantes nos estados. O número de regiões foi mantido: cinco. Entretanto, o nome e a composição de cada uma delas diferem bastante da proposta que analisamos anteriormente. Observe:

A composição das regiões do Brasil era feita da seguinte maneira:
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Região Norte: Território do Acre, Amazonas, Pará, Maranhão e Piauí.
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Região Nordeste: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
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Região Este: Sergipe, Bahia e Espírito Santo.
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Região Centro: Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.
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Região Sul: Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
→ 1945 – Ampliação do número de regiões brasileiras
Na primeira metade da década de 1940, houve a redivisão político-administrativa do território brasileiro que resultou na criação de novas unidades territoriais. Ao mesmo tempo, foi feita uma nova regionalização no ano de 1945 composta por sete diferentes regiões. Veja no mapa abaixo a divisão regional do Brasil nesse período:

A composição das novas regiões brasileiras passou a ser a seguinte:
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Região Norte: Território do Acre, Território do Guaporé, Território do Rio Branco, Território do Amapá, Amazonas e Pará.
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Região Nordeste Ocidental: Maranhão e Piauí.
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Região Nordeste Oriental: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
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Região Centro-Oeste: Território de Ponta Porã, Mato Grosso e Goiás.
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Região Leste Setentrional: Bahia e Sergipe.
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Região Leste Meridional: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
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Região Sul: São Paulo, Paraná, Território do Iguaçu e Rio Grande do Sul.
→ 1960 – Reorganização do território brasileiro e volta das cinco regiões
Em se tratando da divisão político-administrativa brasileira, os antigos territórios de Ponta Porã e do Iguaçu foram reintegrados, respectivamente, ao Mato Grosso e aos estados do Paraná e de Santa Catarina. Além disso, a capital federal foi oficialmente transferida do Rio de Janeiro para Brasília, cidade construída justamente com o propósito de abrigar a sede do governo do país. A partir dessas transformações, as unidades administrativas foram reagrupadas em novas regiões, que voltaram a ser cinco, como mostra o mapa abaixo:

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Região Norte: Território do Acre, Território de Rondônia, Território do Rio Branco, Território do Amapá, Amazonas e Pará.
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Região Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas.
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Região Leste: Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
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Região Centro-Oeste: Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. Esse DF, agora, localizado na região central do país, fazendo fronteira com o estado de Goiás. Em seu interior está a cidade de Brasília.
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Região Sul: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
→ 1970 – Delimitação das atuais regiões do Brasil
A divisão regional da década de 1970 foi feita pelo IBGE a partir de critérios fisiográficos, socioeconômicos e humanos. Dessa maneira, as regiões foram redefinidas e adquiriram uma configuração muito parecida com aquela que observamos atualmente no território brasileiro em termos de quantidade, nomenclatura e composição. Veja o mapa a seguir e perceba a semelhança que ele guarda com o atual mapa das grandes regiões brasileiras:

A divisão regional feita na década de 1970 tinha, então, a seguinte composição:
- Região Norte: Acre, que foi elevado à categoria de estado em 1962, Amazonas, Pará, Território de Roraima, Território do Amapá e Território de Rondônia.
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Região Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
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Região Centro-Oeste: Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.
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Região Sudeste: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
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Região Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A partir do mapa e da listagem acima, nota-se que as regiões Nordeste, Sudeste e Sul adquiriram a sua atual configuração já na década de 1970.
→ 1990 – Atual regionalização do Brasil
Entre a década de 1970 e o final da década de 1980, o Brasil vivenciou profundas alterações na sua sua população, no seu ordenamento econômico e, sobretudo, na política, alcançando a redemocratização a partir de 1984.
Em se tratando da sua divisão político-administrativa, temos a separação do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul em 1977. Com a nova Constituição Federal, promulgada no ano de 1988, os antigos territórios federais do Amapá, de Roraima e de Rondônia tornaram-de formalmente estados. Além disso, Goiás fragmentou-se, originando o estado de Tocantins. Naquele mesmo ano, o arquipélago de Fernando de Noronha foi integrado a Pernambuco, deixando, assim, de ser administrado pela federação.
Com as mudanças na divisão política e administrativa do Brasil, a composição das suas regiões foi alterada: Mato Grosso do Sul manteve-se na região Centro-Oeste, que passou a ter quatro estados e o Distrito Federal. Em 1989, Tocantins foi oficialmente integrado à região Norte, constituída de sete estados no total. Tais alterações no mapa do Brasil tornaram oficiais-se no ano de 1990, quando a atual divisão regional entrou em vigor.

Acesse também: Quais são as regiões geoeconômicas do Brasil?
Exercícios sobre divisão regional do Brasil
Questão 1
(Instituto AOCP) A divisão regional do Brasil mais utilizada é aquela desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As primeiras formas de regionalização brasileira desenvolvida pelo IBGE consideraram:
A) os critérios naturais e, posteriormente, os critérios econômico-sociais.
B) a compactação geológica e, depois, os aspectos culturais.
C) os aspectos socioambientais e, depois, os aspectos econômicos.
D) as características econômicas e, depois, as características físicas.
E) as particularidades raciais e, posteriormente, as particularidades físicas.
Resolução:
Alternativa A.
As primeiras regionalizações do Brasil feitas pelo IBGE consideraram, principalmente, os aspectos naturais do território. Com o passar do tempo, especialmente a partir da década de 1970, aspectos socioeconômicos também ganharam importância para a composição das regiões.
Questão 2
(Unesp)
Para a maioria dos brasileiros, a divisão regional utilizada atualmente parece sempre ter existido porque serve de base, há décadas, para a regionalização de todas as agências governamentais, empresas, associações profissionais etc. Se existem semelhanças evidentes, como em outros países do mundo, há também casos-limite e vinculações ambíguas. Isso ocorre não apenas em razão do tamanho dos estados como também porque reúnem regiões que apresentam caracteres que as aproximam mais do conjunto vizinho que do resto de seu território.
(Hervé Théry e Neli Aparecida de Mello-Théry. Atlas do Brasil, 2018.)
Caracteriza um exemplo de “caso-limite”, tal como problematizado pelos autores,
A) a parcela oeste do Tocantins, área que integra a região Nordeste, mas recebe investimentos diretos da região Centro-Oeste.
B) o litoral de São Paulo, área que integra a região Sudeste, apesar da forte cisão física provocada pela Serra do Mar.
C) a porção sul do Espírito Santo, área que integra a região Sudeste, mas se beneficia das políticas nordestinas de fomento.
D) o noroeste do Maranhão, área que integra a região Nordeste, mas está inclusa na Amazônia Legal.
E) o Distrito Federal, área que integra a região Centro-Oeste, apesar da dependência financeira restrita à região Sudeste.
Resolução:
Alternativa D.
O noroeste do Maranhão é uma região que possui aspectos naturais muito semelhantes àqueles encontrados na região Norte, como o clima e a vegetação. Por essa razão está inclusa na Amazônia Legal, mas, ainda assim, pertence à região Nordeste junto com o restante do estado.
Créditos de imagem
[1] Milenioscuro / Wikimedia Commons (reprodução)
[2] Felipe Menegaz / Luan / Wikimedia Commons (reprodução)
Fontes
BENEDICTO, Marcelo; MARLI, Mônica. Cinco faces do Brasil. Revista Retratos. Rio de Janeiro: Intituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), n. 6, dez. 2017. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/revista-retratos.html.
IBGE. Evolução da divisão territorial do Brasil: 1872-2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=284481.
IBGE. Panorama do Censo 2022. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/.