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Alberto Santos Dumont

Santos Dumont foi um cientista brasileiro que ficou marcado na história pelas grandes contribuições que deixou na área da aviação no começo do século XX.

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Santos Dumont foi um cientista brasileiro que se destacou por sua grande engenhosidade e capacidade para inventar objetos, ficando marcado na história brasileira por seus grandes feitos na área da aviação. Ele nasceu em uma família muito rica, porque seus pais eram donos de plantações de café. Dedicou sua vida à aeronáutica e à aviação e passou seus últimos anos deprimido por ver o avião ser usado na guerra.

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Tópicos deste artigo

Nascimento e juventude de Santos Dumont

Alberto Santos Dumont nasceu em 20 de julho de 1873, em um sítio que ficava em Cabangu, atualmente conhecida como cidade de Santos Dumont, em Minas Gerais. Santos Dumont descendia de uma família francesa, uma vez que seu pai, Henrique Dumont, era filho de François Dumont e Euphraise Honoré, dois franceses que vieram ao Brasil em busca de pedras preciosas.

Alberto Santos Dumont nasceu no interior de Minas Gerais e foi um dos grandes nomes da aviação no mundo.[1]
Alberto Santos Dumont nasceu no interior de Minas Gerais e foi um dos grandes nomes da aviação no mundo.[1]

O pai de Santos Dumont era engenheiro por formação, tendo trabalhado na construção de estradas de ferro. Depois, ele decidiu adquirir terras no interior de São Paulo e dedicou-se ao cultivo do café, uma das atividades mais lucrativas do Brasil no final do século XIX. Sendo assim, Santos Dumont nasceu em uma família bastante rica.

A mãe de Santos Dumont chamava-se Francisca de Paula Santos e era filha de um comendador, portanto, também vinha de uma família de posses. Do casamento de Francisca com Henrique, nasceram oito filhos, dos quais Alberto Santos Dumont foi o sexto e o quarto do sexo masculino.

Durante sua infância, Santos Dumont tinha grande interesse pela literatura, sendo as obras de Júlio Verne, escritor francês, as favoritas dele. Ainda na infância, Dumont interessava-se pela estrada de ferro que seu pai tinha construído em sua fazenda. As terras de Henrique Dumont eram tão extensas que a estrada de ferro construída dentro delas tinha 96 km de extensão.

O gosto de Santos Dumont pelo maquinário das ferrovias e por outros que existiam na fazenda de seu pai já demonstrava a sua disposição para a sua futura atuação. Da leitura de Verne, ele extraiu a sua admiração pelo céu e pela aviação, a qual levaria por toda a sua vida, tornando-se um dos grandes cientistas brasileiros.

Ida para a Europa

Santos Dumont tinha grande interesse por motores, aeronáutica e aviação.
Santos Dumont tinha grande interesse por motores, aeronáutica e aviação.

A partir de 1890, a vida de Santos Dumont passou por algumas transformações por conta da saúde de seu pai. Nesse ano, Henrique Dumont sofreu um acidente caindo de uma charrete. Durante a queda, ele bateu a cabeça no chão, resultando-lhe um derrame cerebral e uma consequente hemiplegia (paralisia de um dos lados do corpo).

Por causa do acidente, o pai de Dumont ficou incapacitado de administrar a fazenda e decidiu vendê-la para buscar tratamento na Europa. As terras de Henrique Dumont foram vendidas por 12 mil contos de réis, uma verdadeira fortuna. Os pais de Dumont ficaram com 1/3 da quantia, e o resto dela foi dividido entre os seus filhos.

Em 6 de abril de 1891, Santos Dumont, alguns de seus irmãos e seus pais embarcaram rumo a Paris. Foi na França que Dumont encontrou as condições para que pudesse desenvolver suas habilidades científicas. A capital francesa vivia o auge da Belle Époque, período na história europeia marcado pela euforia com o progresso e o avanço da ciência.

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Em Paris ele manifestou interesse pela elaboração de dirigíveis e balões, mas a falta de verbas (pois ainda dependia financeiramente de seu pai) fê-lo desistir desses planos temporariamente.

Ele então dedicou-se ao estudo de motores de combustão interna, e esse interesse levou-o a comprar um automóvel fabricado pela Peugeot, em 1891. O carro fazia 16 km/h, e quando seus pais retornaram ao Brasil (no final de 1891), Santos Dumont trouxe-o consigo. Isso fez dele o primeiro homem a dirigir um carro na América do Sul.

No retorno ao Brasil, Santos Dumont foi emancipado pelo seu pai, recebeu uma parte de sua herança e uma promessa de seu pai: “você não precisa pensar em ganhar a vida: eu lhe deixarei o suficiente para viver”|1|. Santos Dumont então retornou a Paris, e lá iniciou sua trajetória como um dos grandes nomes da aeronáutica e aviação.

Dumont chegou a Paris em 1892, poucos dias antes do falecimento de seu pai. Ele contratou um professor que lhe auxiliou em assuntos como física e química. Tempos depois, ele ingressou na Universidade de Bristol, na Inglaterra, como ouvinte e participou de aulas sobre construção de motores e de objetos aeronáuticos e navais.

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Projetos de Dumont

O aeroplano 14-Bis foi um dos projetos mais famosos de Santos Dumont, e com ele o aviador brasileiro conseguiu um voo de 220 metros.[2]
O aeroplano 14-Bis foi um dos projetos mais famosos de Santos Dumont, e com ele o aviador brasileiro conseguiu um voo de 220 metros.[2]

A partir de 1897, Dumont iniciou seus primeiros testes no ramo da aeronáutica. Daí em diante, ele dedicou largos anos de sua vida, primeiro, à produção de dirigíveis e, depois, à de aviões. Seu primeiro dirigível foi usado em fevereiro de 1898, mas fracassou, só conseguindo ter um voo de sucesso na sua terceira tentativa, em setembro do mesmo ano. Nessa ocasião, Santos Dumont chegou a 400 metros de altura.

Em novembro de 1901, um de seus dirigíveis garantiu-lhe um prêmio. Em 4 de novembro, ele concorreu ao Prêmio Deutsch, que consistia em cumprir um trajeto em Paris pilotando um dirigível por até 30 minutos. Santos Dumont alcançou o feito e recebeu 129 mil francos pela sua conquista, mas ele não ficou com o dinheiro: deu metade para a equipe que o ajudou a construir o dirigível, e a outra metade distribuiu entre pobres parisienses.

Nesse período, Dumont dedicou-se ainda a projetos de outros dirigíveis, sempre procurando melhorar suas construções. Ele chegou a fazer passeios em Paris usando-as e era uma das personalidades mais conhecidas dessa cidade no começo do século XX. Foi somente em 1905 que ele iniciou os testes para desenvolver uma aeronave que fosse mais pesada que o ar.

Desses projetos nasceu o 14-Bis, aeroplano desenvolvido por Santos Dumont, com um motor de 50 cavalos de potência. O 14-Bis teve dois voos destacados: o primeiro aconteceu em 23 de outubro de 1906, com 60 metros de altura. O segundo voo foi assistido por membros da Federação Aeronáutica Internacional (FAI), no dia 12 de novembro de 1906, fazendo um voo de 220 metros a seis metros de altura em Paris.

No começo de 1909, ele apresentou o seu novo projeto: o Demoiselle. Esse avião foi então seu novo sucesso, e, após passar por alguns ajustes, chegou a alcançar 90 km/h. Como ele não quis patenteá-lo na época, muitos aviões foram construídos baseados nele.

Últimos anos e morte de Santos Dumont

Em 1910, Santos Dumont sofreu um acidente em um de seus novos modelos do Demoiselle, e por isso decidiu aposentar-se, sua saúde não suportava mais o risco que envolvia o seu ofício. Nessa época ele também foi diagnosticado com esclerose múltipla, doença que até hoje não possui cura.

Nessa mesma década, Dumont viu sua invenção ser usada na Primeira Guerra Mundial, o que o perturbou bastante. No período da guerra, ele ainda foi falsamente acusado de ser um espião alemão, mas foi constatado que era inocente. Esse episódio e o agravamento de sua condição de saúde fizeram com que ele decidisse retornar ao Brasil.

Os últimos anos da vida de Santos Dumont foram marcados pela depressão, e por isso ele passou por diversas clínicas de repouso na Europa e no Brasil. A péssima situação de sua saúde física e mental fez com que ele fosse passado aos cuidados de seu sobrinho Jorge Dumont Vilares.

Tio e sobrinho instalaram-se em um hotel no Guarujá, interior de São Paulo, mas o estouro da Revolução Constitucionalista contribuiu para abalar mais a saúde mental do inventor brasileiro. Acredita-se que, no dia de sua morte, aviões sobrevoaram e bombardearam alguma região próxima de onde Santos Dumont estava.

Perturbado com a cena de um avião promovendo destruição, Santos Dumont aproveitou-se da breve saída de seu sobrinho e cometeu suicídio, no dia 23 de julho de 1932, aos 59 anos de idade.

Leia também: Thomas Edinson — a história do inventor da lâmpada incandescente 

Curiosidades sobre Santos Dumont

  • Santos Dumont tinha estatura baixa, com apenas 1,60 metro de altura.

  • Seus biógrafos contam que ele era vaidoso e extremamente competitivo.

  • Em 1926, ele pediu à Liga das Nações que o uso de aviões para guerra fosse proibido.

  • Ele realizou outras invenções, como o relógio de pulso e o chuveiro de água quente.

  • Ele não é considerado internacionalmente como o inventor do avião. Esse feito é atribuído aos irmãos Wright.

Nota

|1| JORGE, Fernando. As lutas, a glória e o martírio de Santos Dumont. Harper Collins: São Paulo, 2018.

Créditos da imagem

[1] rook76 e Shutterstock

[2] Luis Chavier e Shutterstock

 

Por Daniel Neves
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Alberto Santos Dumont"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/alberto-santos-dumont.htm. Acesso em 16 de abril de 2024.

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